O general George Casey, chefe do Estado-Maior do Exército americano afirmou que as forças armadas americanas tentaram frear os abusos e torturas de prisioneiros cometidos por autoridades iraquianas.
O comandante negou que seu país tenha tolerado essas atitudes, como sugerem documentos do Pentágono divulgados pelo site WikiLeaks.
"As notícias da imprensa sugerem que fizemos 'vista grossa' em relação aos abusos a prisioneiros iraquianos", disse o general que também dirigiu por três anos a missão militar no Iraque.
"Não é o caso. Nossa política sempre foi a de que, quando soldados americanos vissem abusos de prisioneiros, deveriam detê-los e reportar o fato imediatamente aos comandos americano e iraquiano", acrescentou.
Os documentos confidenciais do Exército americano mostram gráficos com números de casos de abusos realizados no interior de prisões iraquianas. Grupos de direitos humanos pedem, no entanto, que os Estados Unidos revelem quanto sabiam e se transferiram prisioneiros para as mãos das forças iraquianas apesar do risco de tortura.
Segundo o WikiLeaks, os documentos revelam cerca de 15 mil mortes de civis a mais do que foi divulgado anteriormente.
Casey negou qualquer política de subestima de mortes de civis, afirmando que as forças americanas regularmente indagavam nos necrotérios sobre o número de mortes.
"Isso não soa verdadeiro para mim. Nós ativamente corremos atrás e tentamos entender o impacto de nossas ações e das ações de grupos militantes sobre os civis", afirmou.
O presidente dos EUA, Barack Obama, opôs-se à invasão do Iraque e declarou o fim da missão de combate americana no país. Mas seu governo lutou contra a divulgação dos documentos, afirmando que poderiam colocar em risco as tropas americanas posicionadas no Afeganistão e no Iraque.
Uma força-tarefa militar que analisou os documentos divulgados concluiu que o WikiLeaks removeu os nomes de mais de 300 pessoas que teriam estado em risco, afirmou o porta-voz do Pentágono, coronel Dave Lapan.
"No entanto, permanecem informações nos documentos divulgados que podem levar à identificação desses indivíduos", como seus cargos ou posições, afirmou Lapan.
As informações do WikiLeaks centram-se essencialmente nos supostos casos de abuso por autoridades iraquianas, aumentando a pressão sobre o primeiro-ministro, Nuri al-Maliki, num momento em que ele busca um segundo mandato no cargo.
A imagem dos Estados Unidos no mundo foi gravemente ferida quando apareceram imagens de abusos realizados por soldados americanos contra prisioneiros na prisão de Abu Ghraib. Alguns detentos foram mostrados em posições humilhantes, enquanto as tropas americanas posavam orgulhosamente ao lado de corpos espancados e nus de prisioneiros.
Tribunais militares dos EUA declararam 11 soldados culpados por abusos, atribuindo a eles penas de até 10 anos de prisão.