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Povos pré-colombianos alteraram a flora amazônica, defende estudo do Inpa

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Estudo liderado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), divulgado nesta quinta-feira (2), defende que os povos pré-colombianos moldaram a flora amazônica. A pesquisa, publicada pela revista Science, ataca a hipótese de que a floresta seria intocada pelo homem primitivo. 

Uma equipe de 152 cientistas, sendo 53 brasileiros, sobrepôs dados de mais de mil inventários florestais, da Rede de Diversidade das Árvores da Amazônia (ATDN), com o mapa de 3 mil sítios arqueológicos espalhados por toda a região.

As análises teriam indicado a relação entre a ocupação humana e a presença de plantas domesticadas na floresta. De acordo com o Inpa, os pesquisadores cruzaram os dados botânicos de parcelas de inventários florestais com dados arqueológicos. O estudo reúne pelo menos 80 anos de pesquisas com centenas de pessoas trabalhando para conseguir coletar essas informações.

A pesquisa focou 85 espécies de árvores que foram domesticadas pelos povos pré-colombianos. Entre elas, cacau, castanha-do-Brasil, açaí, bacaba, patauá, mapati, seringueira e pupunha. Em toda a Bacia Amazônica, essas espécies eram cinco vezes mais comuns em inventários florestais do que as espécies não domesticadas. 

Além disso, eram encontradas em abundância e diversidade nas florestas próximas aos sítios arqueológicos. Entre os povos pré-colombianos, três culturas obtiveram maior destaque: os maias e astecas, no México e América Central; e os incas, na Cordilheira dos Andes, na América do Sul.

O estudo mostra que o Sudoeste da Amazônia, que abrange o estado de Rondônia, no Brasil, e a Bolívia, foi altamente transformado e habitado, e é onde há uma densa concentração de plantas domesticadas. A pesquisa aponta que no Escudo das Guianas (no Norte do estado do Pará) não foi encontrada a mesma relação dos sítios arqueológicos com as plantas.

* Da 'Agência Brasil'