Compras online via smartphones crescem rápido em todo o mundo. No Brasil não é diferente. Um levantamento realizado pelo Instituto de pesquisa Ipsos junto à plataforma de pagamentos Paypal revela que o comércio via celular no país avançou 60% entre 2016 e 2017, alcançando a cifra de R$ 41,8 bilhões. A estimativa é que a prática cresça 36% este ano e mantenha tal ritmo até 2020, quando deve movimentar cerca de R$ 103 bilhões.
De acordo com Thiago Chueiri, diretor de Desenvolvimento de Negócios do PayPal Brasil, já existe uma tendência mundial de “mobile first” que, em três anos, deve evoluir para “mobile only”. Em bom português, isso significa que, hoje, boa parte dos consumidores já prioriza o uso de celulares em detrimento de computadores e, no médio prazo, essas pessoas devem abandonar completamente as máquinas originárias da internet. Nesse cenário, sobreviverão as marcas e empresas que oferecerem a melhor experiência em smartphones, com aplicativos de navegação e compras adaptados a estes aparelhos. “O e-commerce nacional precisa entender a urgência do mobile first”, alerta Chueiri, se referindo à negligência que os canais de venda mais modernos sofrem no Brasil.
“O mundo está cada vez mais conectado via smartphone. No Brasil, esse tipo de equipamento é mais barato do que um computador ou laptop. Também por isso, as compras online cross-border (em plataformas estrangeiras) via aparelhos móveis vêm crescendo tanto no país”, explica. O especialista destaca, ainda, a segurança das compras via smartphone, cada vez maior e baseada em inteligência artificial de última geração.
De fato, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em abril, o Brasil superou a marca de um smartphone por habitante e hoje conta com 220 milhões de celulares desse tipo. Além disso, segundo o IBGE, o smartphone já é o principal meio de acesso à internet dos brasileiros: cerca de 92% da população prefere navegar pelas redes sociais e fazer compras online por meio das telinhas.
Em 2017, segundo a International Data Corporation (IDC), o mercado brasileiro de smartphones experimentou o segundo melhor desempenho de sua história, com 47,7 milhões de aparelhos vendidos, um crescimento de 9,7% em relação ao ano anterior. A alta vem depois de duas quedas sucessivas em 2015 e 2016, que foram atribuídas ao agravamento da crise econômica.
O universo das compras online
Apesar do avanço dos smartphones, 65% do total do gasto online do brasileiro nos últimos 12 meses se deu via desktop, notebook ou laptop. O número, entretanto, vem caindo. Em 2016, essa fatia foi de 74%. Já os smartphones foram responsáveis por apenas 14% das receitas nos mesmos 12 meses.
De uma forma geral, o hábito do consumo online cresceu 21% de 2016 e 2017, o que fez as receitas obtidas saltarem de R$ 137,4 bilhões para R$ 166,2 bilhões. De acordo com a pesquisa, o mercado online deve crescer, em média, 18% ao ano, alcançando a marca de R$ 272 bilhões em 2020. Nesse ano, se as previsões se confirmarem, mais de um terço (38%) do valor envolvido em compras online no Brasil virá de operações realizadas em smartphones.
A pesquisa também constatou que, 62% das compras online realizadas nos últimos 12 meses aconteceram em sites de e-commerce brasileiros por meio de aplicativos ou websites. Nesse universo se encaixam redes como Submarino, Lojas Americanas, Mercado Livre, entre outros. Apenas 16% das aqusições foram realizadas em “market places”, ou seja, em plataformas próprias das marcas ou fabricantes. De resto, 13% foram feitas em sites estrangeiros, como Amazon e AliExpress, enquanto 9% aconteceram em redes sociais.
Com relação aos produtos comprados, 65% dos consumidores ouvidos afirmaram encomendar roupas, calçados e acessórios. Em seguida, vêm os equipamentos eletrônicos, citados por 55% dos pesquisados. Completam a lista eletrodomésticos, utensílios domésticos e móveis (51%), produtos de beleza e cosméticos (50%) e ingressos para cinema, teatro, shows e eventos esportivos (44%).
Entre os que preferem comprar em sites estrangeiros, 35% utilizam plataformas asiáticas, principalmente chinesas (30%). A justificativa são os baixos preços dos produtos da China, além da possibilidade da descoberta de produtos novos, que não existem no Brasil. Já entre os 21% que preferem sites norte-americanos, os preços mais baixos foram citados junto com a melhor qualidade dos itens. Sites de vendas online europeus são utilizados por apenas 9% dos que compram em plataformas estrangeiras, e só ficam à frente das plataformas de vizinhos latino-americanos (5%).
Praticamente à margem das oscilações econômicas, o mercado de compras online deve permanecer em alta nos próximos anos. Segundo o Ipsos, cerca de 45% dos brasileiros que têm acesso à internet devem aumentar seus gastos online, enquanto 27% prometem manter o ritmo atual de consumo por esse canal. Somente 8% devem pisar no freio. A razão para esse movimento é, principalmente, o conforto. Depois, a expectativa de aumento salarial e melhora da economia, além da crescente diversificação de plataformas de compra online.