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Semana de definições

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Esta é uma semana que, afora imprevistos que prejudiquem a linha de prioridades, mostra-se dedicada a uma infinidade de articulações políticas, sem que escape de sua missão principal: traçar o quadro do processo eleitoral que teremos para avaliar em outubro. Tudo em poucos dias, porque não há mais como esticar o calendário. Nem faltarão algumas tensões, provocadas por dúvidas em torno das composições políticas de última hora, que nunca faltam. 

Que a semana, além de definir as candidaturas, possa expor ao país e às suas lideranças certos defeitos e vícios que precisam ser corrigidos, a começar pela necessidade da reorganização das convenções partidárias, de forma que não continuem descuidadas de suas bases. Os convencionais continuam parecendo estrangeiros nessas reuniões. 

Nestes dias, principalmente no próximo fim de semana, vamos assistir à reprise desse filme que há décadas não altera o enredo: as convenções são ditaduras, que os chefes impõem às bases, raramente ouvidas; de forma que os convencionais nada mais significam, nem podem pretender, além de meras peças homologatórias. Batem palmas para o que a eles já chegou mastigado e decidido. Nesse particular, não evoluíram nem se aperfeiçoaram, fazendo lembrar o velho pessedismo de Benedito Valadares, para quem reunião política só depois de tudo decidido...

Dá-se a conhecer, também nesta semana, a dimensão da importância que os presidenciáveis pretendem destinar aos seus companheiros de chapa, os vices; que em muitas vezes entram na chapa como resultado das conveniências de momento, carregando alianças arquitetadas na expectativa de votos; e nada mais que isso. Sem bagagem e sem intimidade com altas responsabilidades que por ventura lhes caibam, elegendo-se, fica o Brasil, ficamos todos nós, à mercê da sorte. Metade da história desta República caiu nos destinos dos vices; um dado para recomendar juízo e cautela aos presidenciáveis nas escolhas que estão definindo.

Assim, chegado momento tão importante para definições políticas, esse é o ponto delicado, onde se agasalham e se hospedam sérias distorções. As alianças partidárias são elaboradas em cima de permutas totalmente equidistantes de algo que se possa chamar de interesse nacional. Há exceções, mas o que prevalece são defeitos e as deformações habituais. Sendo prevalentes e soberanos tais projetos de linhas tortas, muitas vezes essas uniões adulterinas são lançadas ao colégio eleitoral sem uma dose, modesta que seja, de identidade ideológica. O resultado são candidaturas que se assemelham a corpos deformados, onde os membros não se entendem. Na verdade, nem para isso têm sido gerados. 

No momento presente, tem prosperado a suspeita de que alguns pequenos partidos, principalmente os que se esforçam para se juntarem aos maiores, realmente desejam apenas ampliar oportunidades para formar largas bancadas legislativas. A sorte dos candidatos a presidente e governador nem estaria figurando como objetivo essencial. Seja como for, total ou parcialmente fundadas as suspeitas, é visível que o sistema e o método que regem as alianças interpartidárias precisam se submeter a uma reciclagem. Nada que se possa fazer, de forma a renderem frutos para outubro. Mas que alguma coisa sirva para mostrar defeitos os consagrados. 

Por fim, tratando-se dos candidatos a presidente e governador, é também chegada a hora de trazerem uma exposição séria, sem fantasias e sonhos siderais, mas calcada em realidades e objetivos possíveis. Se não estamos exatamente num mar de rosas, é preciso que candidatos e eleitores estabeleçam uma relação séria, para que cada qual cumpra seu dever, sem mistérios e sem enganações.