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Hora de reflexão para Tite

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Tite renovou com a CBF, como era esperado e desejado. Seu novo contrato, acertado sem aumento de salário, vai até 2022 e, salvo algum contratempo inesperado, ele terá o ciclo completo de quatro anos para preparar a seleção brasileira para a Copa do Catar. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas o técnico precisa rever imediatamente alguns de seus conceitos.

A começar pela gigantesca comissão técnica, com 40 integrantes, um despautério. Autêntico cabide de empregos, no qual entraram até os fisioterapeutas pessoais de Neymar, fora um bando de observadores, que se mostraram incapazes de decifrar as alternativas táticas da Bélgica, que surpreenderam e desnortearam o treinador e o time do Brasil, no primeiro tempo do jogo pelas quartas-de-final.

Tite e Edu precisam, também, mudar de forma radical a maneira de se relacionar com os jogadores, seus parentes e amigos – a começar por Neymar, seus “parças” e principalmente o seu polêmico pai. Seleção é coisa séria, não motivo e ocasião para convescotes e turismo.

Falou-se muito de Weggis, na Copa de 2006, na Alemanha, mas o clima do Brasil, na Rússia, não foi muito diferente – basta lembrar das fotos dos filhos dos jogadores em campo, após alguns treinos, e do dia em que um amigo de Gabriel Jesus filmou, e postou numa rede social, um treinamento que deveria ser secreto. Isso sem falar no pai de Neymar hospedado no hotel da seleção – independentemente de ele ter feito a “festinha” ou não.

Tite é um excelente treinador, no momento, o melhor do Brasil, mas errou em muitas coisas na Rússia – vide a teimosa insistência com Gabriel Jesus e a falta de alternativas táticas e técnicas de um time que foi capaz de brilhar intensamente nas eliminatórias sul-americanas, mas nunca conseguiu se sentir confortável contra adversários europeus. 

No ano que vem teremos a Copa América no Brasil, competição que a seleção não ganha faz tempo, mas é bom lembrar da lição russa: não adianta pintar e bordar contra os sul-americanos e se enrolar com os europeus. Em tempo: amistoso contra El Salvador só pode ser piada.

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O exemplo de Hamilton 

Assim como Neymar, o tetracampeão de Fórmula-1, Lewis Hamilton, também teve o pai como empresário, nos primeiros anos de sua carreira. A partir de um determinado momento, a relação familiar começou a atrapalhar o seu desempenho nas pistas e, em 2010, Lewis tomou aquela que admite ter sido a decisão mais dura de sua vida:

– Chegou um ponto em que falei: “Pai, eu quero que, a partir de agora, você seja somente o meu pai”. Isso foi incrivelmente difícil para ele aceitar e também foi doloroso de dizer. Foi algo muito complicado naquele momento. Isso colocou entre nós um espaço como o Grand Canyon – revelou o piloto, no programa de TV “60 Minutes”.

Quando do rompimento, Hamilton já tinha um título mundial, conquistado pela McLaren, em 2008 (aquele, ganho na última curva do circuito de Interlagos). Depois que afastou o pai do cargo de seu empresário e das pistas, venceu mais três, pela Mercedes, em 2014, 2015 e 2017. Lidera também o campeonato deste ano.

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Renascimento tricolor 

Júlio César fez duas grandes defesas, ainda no primeiro tempo, e Gilberto decidiu. Resultado: o Fluminense, que anda de pires na mão, bateu o milionário Palmeiras, por 1 a 0. Incrível como a mudança de técnico e o período de paralisação para a Copa parecem ter feito bem ao tricolor. Nos últimos três jogos, um empate e duas vitórias que ajudaram a afastar o time agora dirigido por Marcelo Oliveira da assustadora zona do rebaixamento.

Não creio em grandes sonhos (no máximo, uma das últimas vagas da Libertadores), mas um time que tem bons jogadores como Pedro, Marcos Júnior, Ayrton Lucas, Sornoza e Richard (os dois últimos não atuaram ontem) não pode jogar tão mal, como vinha jogando. Não é elenco para cair. Nem mesmo com a penúria financeira que assola as Laranjeiras.

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Metas modestas 

Eliminado da Copa do Brasil, pelo Bahia (perdeu por 3 a 0 o jogo de ida e venceu o de volta por 2 a 0), o Vasco se complicou na Sul-Americana, ao ser derrotado por 3 a 1, pela LDU, no primeiro jogo, em Quito. Jorginho poupou Pikachu e Breno, sinalizando que a prioridade é o Brasileiro onde, ao menos até o momento, a preocupação é apenas fugir do rebaixamento.

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Renúncia rubro-negra 

O Flamengo achou um gol num escanteio, aos três minutos, e desistiu de jogar. Ficou esperando que outro caísse do céu. Claro, ainda no primeiro tempo, acabou sofrendo o empate, após jogada infernal do jovem Rodrygo. Após o intervalo, o Fla até dominou o Santos, mas não conseguiu marcar. Agora, tem que torcer pelo Grêmio, contra o São Paulo, para manter a liderança. Um registro: Guerrero tem sido uma nulidade no ataque. 

Em tempo: o uniforme azul é bonito, mas não tem nada de rubro-negro. No mínimo, as três tiras da Adidas deveriam alternar vermelho e preto.