A desaceleração da economia chinesa, a mudança mundial no hábito de consumo do vinho, que provocou um aumento das vendas de vinhos rosés, Crémants, Blanquettes – os espumantes AOC’s da França – e uma imagem de vinhos caros tem causado queda nas vendas e um excesso de estoque. Os grandes vinhos se vendem muito bem, obrigado. Mas os vinhos de menor valor agregado sofrem. A boa safra de 2018 ainda está nas adegas e depósitos. A nova safra 2019 está se aproximando e ela vai precisar de espaço. A queda na venda dos supermercados franceses também não ajuda, eles são responsáveis por 50% das vendas. Casino, Carrefour, Auchan, e outros estão passando por uma grave crise, a crise dos hipermercados, e fechando várias unidades. O resultado são preços em baixa em relação ao ano anterior. A safra pequena de 2017 fez subir os preços em até 30%, o que afugentou clientes. Retomar o mercado não é fácil. Mas Bordeaux está reagindo. A nova safra deve trazer mais vinhos rosés e espumantes.
O presidente do Comitê Interprofissional do Vinho de Bordeaux, CIVB, Alain Sichel confirmou que houve alta nas exportações de 4% em valor, mas queda de 13% em volume em 2018. Essa alta beneficia principalmente os vinhos super-premium. Estamos sofrendo na China a concorrência de vinhos chilenos e australianos que não pagam imposto de importação. Essa mudança de tendência prejudica os tintos, beneficia rosés, brancos e espumantes e nos obriga a promover mais os vinhos rosés de Bordeaux. Diversas ações de verão estão previstas. O produtor está sendo convidado a ir ao encontro do consumidor em toda a França e em qualquer local. Precisamos falar e fazer degustar nossos vinhos. Afinal, também temos o Crémant de Bordeaux, brancos e rosés de qualidade. Vamos reagir com movimentos rápidos e radicais, assegura Sichel do CIVB. Alguns negociantes já se preparam para lançar com a safra 2019 mais e novos rótulos de vinhos rosés para poder acompanhar as mudanças do mercado e mesmo passar a ter na carta o espumante AOC Crémant de Bordeaux. Esses são os planos da Maison Bouey, produtor e negociante que tem bastante força no Médoc.
Os vinhos de Bordeaux são bons e com a melhor relação qualidade preço do mundo, nos ensinou Robert Parker. Há um pelotão de grandes e raros vinhos que são caros. São menos de cem vinhos nesta categoria. Os demais são best buy. Claro, que tem muito vinho baratinho, de primeiro preço, de Bordeaux, que não tem a tipicidade da região o que atrapalha a imagem coletiva. Se o bolso permitir evite o primeiríssimo preço, aquele mais barato de todos. Este preço baixo tem um custo alto no paladar e na hora de beber pode gerar uma certa decepção.
Mas Bordeaux é sempre Bordeaux. No Rio encontramos vinhos que dão alegria por menos de 100 reais. No Zona Sul Château Platon a R$ 75,60 e S’tard, o Bordeaux do Château Soutard um Grand Cru Classé de Saint Émilion sai por R$ 89,64. Já em Belo Horizonte o Château Fontaine de Genin a R$89,90 é um best buy de Robert Parker. Na Evino o Château La Jalgue, com medalha de ouro em Paris, está por 89,90€. Todos oferecem prazer garantido. Quando você tiver que comprar um Bordeaux entre 30 e 40 reais veja se tem uma medalha ou se é de uma safra boa como 2015, 2016, ou 2018. Nestes casos não adianta sonhar alto, se for agradável e frutado está justo. Os bons produtores fazem bons vinhos em todas as safras, mesmo nas mais difíceis. Na verdade, é neste momento que eles mostram que são realmente bons. Santé.