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Crivella quer planos de saúde pagando dívida com serviços

Em primeira agenda pública, prefeito convocou familiares e secretários a doar sangue no Hemorio

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O novo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, disse nesta segunda-feira (2) que pretende recorrer a convênios com a iniciativa privada para aumentar o número de leitos na rede municipal. Ele afirmou que os planos de saúde têm uma dívida de R$ 500 milhões com a prefeitura, e que uma forma de acertar as contas seria cobrar para que disponibilizem serviços. Segundo o secretário municipal de Saúde, Carlos Eduardo, o débito é referente a não pagamento de Imposto Sobre Serviço (ISS).

"Chegou a hora de chamar o Ministério Público, chamar o Tribunal de Contas e fazer um acerto. Se eles não podem pagar tudo, que nos ajudem com consultas, com especialistas, exames e cirurgias de baixa complexidade", disse.

Leitos de hospitais podem ser aumentados

Entre os 78 decretos publicados ontem por Crivella no Diário Oficial, figura o que estipula um prazo de 30 dias para que o secretário de Saúde, Carlos Eduardo, faça um estudo sobre como aumentar o número de leitos em hospitais. A prefeitura pretende elevar a oferta em 20% até o fim do ano.

Crivella disse que educação e saúde terão prioridade na distribuição de recursos, mas voltou a afirmar que são limitados. "Eles [os recursos] não são tantos".

Em sua primeira agenda pública, o prefeito convocou familiares e secretários a doar sangue no Hemorio, principal hemocentro do Rio de Janeiro. Compareceram sua mulher, Silvia Jane Crivella, o filho, a nora e os secretários de saúde, Carlos Eduardo, e de Assistência Social e Direitos Humanos, Teresa Bergher.

O prefeito contou que a ideia foi sugerida por uma médica e destacou que a doação é importante neste momento do ano, por causa da demanda gerada pelos acidentes de trânsito.

A diretora do Hemorio, Patricia Moura, explicou também que muitas pessoas que doam sangue deixam de contribuir nesta época do ano por causa das festas. Apesar disso, ela disse que os estoques estão satisfatórios.

Crivella toma posse como prefeito do Rio

Marcelo Crivella, e o vice-prefeito, Fernando MacDowell, foram empossados durante a manhã de domingo (1°) na Câmara Municipal. O prefeito voltou a defender a necessidade de cortar gastos, enumerou propostas em áreas prioritárias e agradeceu a Deus, familiares e apoiadores, destacando a votação entre os eleitores evangélicos.

"É com imenso senso de responsabilidade e prudência, mas também com fé e sem medo, que assumo a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Venho cumprir o mandato com a determinação de cuidar das pessoas. É para essa nobre missão que peço humildemente a benção de Deus", disse o prefeito, que explicou que cuidar das pessoas "representa, acima de tudo, proteger a família", definida por ele como "maior obra que homem e uma mulher podem construir".

O prefeito apontou que a proteção à família começa com uma política de promoção à saúde e prometeu atacar a fila de espera para exames e consultas especializadas. "Vamos ampliar a rede de saúde da família, mas, antes, colocar as unidades existentes em pleno funcionamento."

Na área da educação, Crivella prometeu valorizar profissionais e investir em creches e pré-escolas em tempo integral. "Os profissionais de educação serão respeitados, valorizados e sempre ouvidos", prometeu.

A segurança pública também foi mencionada no discurso. Apesar de ser uma área de responsabilidade principalmente do estado, Crivella disse que a prefeitura não vai se omitir e prometeu que os guardas municipais atuarão na segurança das pessoas e proteção das escolas. O prefeito também prometeu atuar para dar maior sensação de segurança na cidade, com a presença de guardas e melhora na iluminação.

'É proibido gastar'

Na área econômica, Crivella afirmou que a Secretaria de Fazenda vai tentar fazer uma reforma tributária, "buscando maior correspondência entre os níveis de contribuição e a capacidade contributiva". Os incentivos fiscais da prefeitura também estão sendo reavaliados e o prefeito afirmou que pretende examinar benefícios concedidos a funcionários da administração direta e indireta.

"Enquanto esse trabalho não for concluído, a ordem é a seguinte: é proibido gastar", disse ele, falando ainda em ampliar concessões e parcerias público-privadas.

Primeiras medidas

Na entrada da solenidade, Crivella falou sobre decretos publicados neste domingo em uma edição extra do Diário Oficial do Município. Ele sublinhou que o mais importante deles é o que institui estado de alerta contra as arboviroses, ou seja, as doenças transmitidas por mosquitos, entre eles o Aedes aegypti: "Eu acho que [o mais importante] é a nossa preparação para o combate às doenças de verão. Sobretudo, chikungunya, dengue e zika".

O prefeito agradeceu a eleição primeiro a Deus e depois a sua família e aos eleitores e partidos que o apoiaram. Crivella fez referência ao apoio do arcebispo da Igreja Católica do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, e aos eleitores evangélicos, que, segundo ele, o apoiaram com 90% dos votos. "Não tinha nas minhas mais otimistas previsões [imaginado] que isso ocorresse".

A economia nos gastos públicos é prioridade dos primeiros dias de mandato de Crivella. Os atos iniciais do prefeito foram publicados neste domingo no Diário Oficial do município. Das cinco principais medidas publicadas neste domingo no Diário Oficial, quatro buscam o arrocho das contas e o enxugamento da estrutura.

Crivella projeta uma economia anual de R$ 3,3 bilhões. Nos gastos com pessoal, a ideia é reduzir os custos em 3%, ou R$ 500 milhões por ano. Haverá corte imediato de metade dos cargos comissionados, preenchidos por indicação, dos dois grupos de salários mais altos. Em 30 dias, haverá corte de 50% em mais três grupos. Também foi anunciada uma auditoria na folha de pagamentos. 

Durante a tarde, no Palácio da Cidade, em Botafogo, sede do governo, foi realizada a cerimônia de transição de cargo de Eduardo Paes para Crivella. 

Com Agência Brasil