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Vizinhos de Sérgio Côrtes escrevem carta de repúdio ao ex-secretário

Texto fala em "nefasto convívio" e pede "Justiça Divina e terrena"

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Vizinhos do ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes escreveram uma carta aberta dirigida a ele e à sua esposa, Verônica Vianna, na qual manifestam o "mais profundo repúdio" ao "nefasto convívio".

"Não foram poucas as vezes em que lamentamos sua presença entre nós", diz a carta, que prossegue: "De médicos como os senhores, espera-se por princípio que preservem a vida. Os senhores a ceifam!"

"Desejamos que, a cada olhar lançado as suas filhas, lembrem-se das crianças que fizeram enterrar!"

"Desejamos que, a cada encontro com seus pais, lembrem-se dos idosos cujas mortes anteciparam!"

"Desejamos ainda que seu afastamento, no momento por prisão e fuga para o exterior, seja definitivo."

"E que a Justiça (a Divina e a terrena) não tarde!"

O Jornal do Brasil confirmou a veracidade da carta, que não apresenta assinaturas, junto a moradores do prédio, na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Sérgio Côrtes foi preso no dia 11 de abril durante fase da Lava Jato que investiga fraudes no fornecimento de próteses para o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO). De acordo com as investigações, Côrtes teria favorecido a empresa Oscar Iskin, uma das maiores fornecedoras de próteses do Rio de Janeiro, durante o período em que fora diretor do INTO. Também foram expedidos outros dois mandados de prisão contra os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita. O primeiro é sócio da empresa nas licitações junto ao INTO, já o segundo foi gerente comercial da Oscar Iskin.

A operação foi baseada em delações de César Romero, ex-funcionário do INTO e da Secretaria de Saúde. Segundo a suspeita da PF, o esquema teria causado prejuízo de ao menos R$ 37 milhões. 

Sérgio Côrtes também era vice-presidente da importante Rede D'Or, de hospitais, de onde foi desligado logo após a prisão. Registros e anotações de contabilidade paralela apreendidos no domicílio de Luiz Carlos Bezerra, ex-assessor do ex-governador Sérgio Cabral, indicam que R$ 300 mil teriam saído da rede, por meio de Sérgio Côrtes.

"No cumprimento de mandado de busca e apreensão referente ao processo nº 0509567-67.2016.4.02.5101 (Operação Calicute), em novembro de 2016, foram apreendidos documentos com centenas de anotações e registros de contabilidade paralela da ORCRIM na residência de Luiz Carlos Bezerra", diz despacho da Justiça.

"Nas anotações consta que Sérgio Côrtes teria pago R$ 300.000,00, provenientes da Rede D’Or, da qual é vice-presidente, a Francisco de Assis Neto (“Kiko” ou “Zambi”), proprietário da empresa Corcovado Comunicações Ltda, atualmente preso em decorrência da denominada Operação Calicute", conclui o despacho.