Bolsonaro responde ao TSE sobre fraude em eleições, mas diz que Barroso 'não vai ganhar na canetada'

Após mais de um mês de a notificação do TSE ser enviada ao presidente da República solicitando provas sobre suas declarações de que houve fraude em eleições, Bolsonaro responde com texto "raso" e ataca, novamente, ministro Barroso

Por redacao@jb.com.br

Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro entregou sua resposta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nessa quarta-feira (4), apresentando "provas" que afirma ter de que as últimas eleições foram fraudadas.

O documento foi anexado ao inquérito administrativo aberto pelo tribunal na segunda-feira (2) para investigar declarações de autoridades que possam desestabilizar a eleição de 2022.

A resposta do presidente acontece mais de um mês depois de a notificação ser enviada pelo TSE.

O texto encaminhado é curto e básico, e segue a linha de sua última "live", diz a "Veja", na qual afirmou que não existem provas contra as urnas eletrônicas, mas uma série de indícios.

Além de investigar declarações de políticos contra as urnas, o inquérito visa "a preservação do Estado de Direito e a realização de eleições transparentes, justas e equânimes", segundo corregedor do TSE, ministro Luis Felipe Salomão.

Adicionalmente, o ministro elucida que o procedimento também demanda "pronta apuração e reprimenda de fatos que possam caracterizar abuso do poder econômico, corrupção ou fraude, abuso do poder político ou uso indevido dos meios de comunicação social, uso da máquina administrativa e, ainda, propaganda antecipada".

Bolsonaro ataca Barroso mais uma vez

Apesar de ter enviado sua resposta ao TSE, Bolsonaro mais uma vez o presidente do tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, dizendo que o ministro "não vai ganhar na caneta".

"O senhor Barroso, obviamente, é pessoal a questão dele comigo. E ele não vai ganhar na canetada. Não estamos aqui brigando para dizer quem é mais homem, quem não é mais homem. É para termos a certeza de quem o povo votou, o voto vai exatamente para aquela pessoa", disse o chefe do Executivo citado pela mídia.

Bolsonaro e Barroso divergem sobre a adoção do voto impresso e nas últimas semanas vêm trocando farpas em relação ao assunto.

Apesar de o presidente dizer que Barroso tem uma questão "pessoal" contra ele, 15 ex-presidentes do TSE, além da cúpula atual do tribunal, divulgaram uma nota defendendo o sistema atual de votação do Brasil, conforme noticiado.

Em resposta à fala do presidente, o ministro disse que "uma das vertentes do autoritarismo contemporâneo é o discurso de que 'se eu perder houve fraude'".

"A alternância no poder é a grande característica da democracia [...]. Uma das vertentes do autoritarismo contemporâneo é o discurso de que 'se eu perder houve fraude', que é a inaceitação do outro. A inaceitação de que alguém diferente de mim possa ganhar as eleições", disse Barroso.

O presidente do TSE também afirmou que há uma "erosão democrática" em vários países, liderada por "agentes políticos eleitos pelo voto popular" que "desconstroem alguns dos pilares da democracia".

"[A desconstrução dos pilares da democracia] ocorre quando líderes carismáticos se elegem, se apresentando com 'contra tudo isso que está aí' e oferecem soluções simples e erradas para problemas complexos. 'Soluções' que vão cobrar o preço", complementou.(com agência Sputnik Brasil)