Congresso Mundial de Dermatologia, em Singapura, terá estudo sobre melasma

Por ELOÍSA AYRES

Eloísa Ayres, médica dermatologista

A cada 4 anos, especialistas de todo o mundo se reúnem no maior evento da Dermatologia para apresentar as principais novidades nas diversas áreas de cuidados com a pele.

No próximo mês, Singapura vai sediar o Congresso Mundial, onde espera-se que os mais relevantes temas serão abordados e discutidos.

Terei a honra de participar, não apenas como congressista, mas também apresentando trabalhos de grande contribuição científica, como o uso da cisteamina nanoencapsulada no tratamento do melasma, tema no qual venho me especializando durante anos de estudos.

O tratamento do Melasma vem mudando e rompendo paradigmas nos últimos anos. As manchas escuras na face, prinicpalmente de mulheres, que antes eram relacionadas à gravidez, hoje são tidas como fruto da exposição solar cumulativa, especialmente naqueles que são geneticamente predispostos, podendo ou não ter a influência dos hormônios. O número de mulheres com melasma vem crescendo a cada ano, e a sua localização na face, junto com a evolução crônica e dificuldade terapêutica, traz transtornos psicossociais importantes que precisam ser valorizados.

Por conta disso, o nosso primeiro passo é educar as pacientes, mostrando que apesar de não ter cura, o melasma pode, sim, ser controlado através de medidas efetivas e tratamentos combinados, a fim de clarear a pele e impedir que as manchas retornem.

O primeiro passo do tratamento é a orientação com relação ao uso correto do filtro solar, que deve ser diário, com amplo espectro de proteção ultravioleta A e B, e também de luz visível, fração considerada de grande impacto na atualidade e que necessita o uso de filtros físicos com pigmento, dai a necessidade de se usar protetores com tom de base nesses casos.

Além dos cuidados com a exposição solar, acredita-se que seja necessária uma combinação de tratamentos e procedimentos para que os resultados obtidos sejam satisfatórios. Tratamentos tópicos têm sido considerados pouco efetivos ou passiveis de eventos adversos, e dai a necessidade de novos estudos com novos produtos. A cisteamina tem sido considerada medicação promissora nos últimos 5 anos, entretanto, seu odor desagradável tem limitado o seu uso. Os estudos com um novo produto a base de cisteamina nanoencapsulada será apresentado no Congresso Mundial de Singapura e traz como benefícios, além de resultados mais efetivos, um odor mais agradável, possibilitando uma aceitação maior para seu uso.

Somando-se a isso, novos medicamentos e suplementos orais têm se mostrado de grande valor no tratamento dos melasmas mais resistentes, bem como procedimentos a laser que, além do clareamento da pele, promovem uma reorganização do colágeno e da elastina, e auxiliam no rejuvenescimento da pele. E as novidades não param por ai, já que muita pesquisa tem acontecido envolvendo as possíveis causas do melasma e a sua relação com o envelhecimento da pele.

Portanto, se você sofre ou conhece alguém que sofra com melasma, a dica mais importante é restringir a exposição ao sol, usar corretamente os filtros solares adequados e seguir à risca as recomendações de tratamento do seu dermatologista, que poderá incluir já nesse momento as medicações mais atuais para o controle do quadro.

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Eloísa Ayres, Diretora Médica da EASkinClinic
Doutora em Ciências Médicas pelo IAMSPE/SP
Especialista e Mestre em Dermatologia pela UFF/RJ