Rádio Bandeirantes do RS tira programa judeu do ar após comentarista pregar o extermínio do povo palestino

A judia Deborah Srour, sionista 'com honra', afirmou que os palestinos são 'animais' e que o Exército de Israel deveria ser 'mortífero' contra 'esse povo'

Por GABRIEL MANSUR

Deborah Srour destilou ódio contra o povo palestino durante comentário

A Rede Bandeirantes decidiu que sua emissora de rádio em Porto Alegre não vai mais transmitir o programa "Hora Israelita", que vinha propagando discurso de ódio contra os palestinos. A edição deste domingo (29) já não foi ao ar. O programa, transmitido semanalmente, existia desde 1946, isto é, antes mesmo da formação do estado de Israel. Antes de “desembarcar” na Band, há 24 anos, ele passou por outras emissoras

A decisão foi tomada após a comentarista Deborah Srour, "sionista com honra", como se declara, defender o exterminínio dos habitantes que moram na Faixa de Gaza, uma vez que, segundo ela, "não há civis inocentes" na região - metade da população é formada por crianças. A incitação ao ódio ocorreu na edição do dia 15 de outubro e foi revelada pela Matinal.

Na ocasião, Srour afirmou que os palestinos são “animais” e que as Forças de Defesa de Israel deveriam ser “mortíferas” contra esse povo.

Omissão geral

No primeiro momento, a direção da Rede Bandeirantes e a Federação Israelita do Rio Grande do Sul, patrocinadora do programa, sustentaram a participação de Deborah na semana seguinte, no dia 22.

Respaldada pelos superiores, a comentarista não se retratou em momento algum pelas falas ofensivas. Pelo contrário. Deborah aproveitou o apoio da emissora para reforçar o discurso de desumanização e aniquilação dos palestino.

Para ela, pregar o 'extermínio' de um povo faz parte da liberdade de expressão. Ela afirma que, "como qualquer pessoa normal", apenas externou aquilo que acredita.

No sábado (28), porém, os ventos começaram a soprar contra o discurso de ódio. A Hora Israelita e Deborah Srour informaram pelas redes sociais que a Rede Bandeirantes havia decretado a retirada do programa da grade da Band Porto Alegre. Segundo postagem na página da Hora Israelita no Facebook, a decisão foi comunicada por três membros da direção da Band RS, em uma reunião virtual realizada na manhã de sábado. Veja abaixo:

Na tentativa de colocar "panos quentes" sobre suas declarações, Deborah Srour alegou que suas falas haviam sido tiradas de contexto. Indagada pela Matinal sobre o contexto que justificaria o extermínio de uma população, calou-se. Depois, em sua conta na rede social, ela afirmou ter proposto sair do programa para que ele não fosse cortado, mas a sugestão foi rechaçada pela emissora.

Na manhã deste domingo (29), no horário em que normalmente estaria no ar pela rádio de Porto Alegre, a apresentadora fez uma transmissão pelo Facebook: “De acordo com a Rádio Bandeirantes, eu passei dos limites quando disse que os perpetradores desse massacre se comportaram como animais”, afirmou ela.

A comentarista, que considera 'opinião' defender o genocídio de um povo, também definiu a atitude da Band como “muito radical”, usando a carta marcada do antissemitismo e do holocausto promovido na Segunda Guerra Mundial: “Uma ação remanescente dos anos 30 na Alemanha”, pontuou. “Eles foram atrás da propaganda esquerdopata fascista completamente falida moralmente”, completou.

O cancelamento

Inicialmente, a Band havia tentado se dissociar do discurso de ódio presente em sua programação. Questionada pela Matinal, a direção local da empresa sustentou que a Hora Israelita era um programa terceirizado (ou seja, alugava um horário na rádio) e que, por isso, o grupo de comunicação não tinha responsabilidade pelo conteúdo. Entretanto, segundo o Código Brasileiro de Comunicações, as emissoras de rádio e TV são responsáveis pelo conteúdo de terceiros.

Os responsáveis pela Hora Israelita adotaram um discurso parecido, dizendo que Deborah expressava sua opinião “de forma independente”. Apesar do apoio público, ao disponibilizarem em seu site o áudio do programa do dia 15, fizeram uma edição estratégica: cortaram a participação da comentarista. A Federação Israelita, patrocinadora do programa, também tentou se eximir. Limitou-se a observar que não responde pelo conteúdo, mas sem fazer qualquer objeção a ele.

Esse era o cenário até a quarta-feira (25) da semana passada, quando a Matinal publicou uma reportagem sobre a omissão generalizada em relação à conduta de Srour. Depois disso, veio a informação, por parte da Band, de que o assunto passaria a ser tratado pela direção nacional do grupo de comunicação, em São Paulo. O passo seguinte foi o rompimento do contrato com a Hora Israelita.