INFORME JB

Por Jornal do Brasil

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Há 40 anos, Tancredo era eleito presidente

A data foi bem lembrada pelo ex-deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ)

Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 15/01/2025 às 10:28

Alterado em 15/01/2025 às 13:23

Sobral Pinto, Franco Montoro, Tancredo Neves e Ulisses Guimarães no comício pelas Diretas, no Rio de Janeiro Foto: Acervo JB/[email protected]

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“Há 40 anos, em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito pela Aliança Democrática presidente do Brasil. [Recebeu 480 votos (72,73%) contra 180 votos de Paulo Maluf 27,27% dos votos}]. Morreu sem tomar posse, em 21 de abril do mesmo ano. Sua eleição é o marco inicial da sólida Democracia que temos e que não está ao "alcance de mãos profanas".

É verdade e convém recapitular os fatos.

A eleição no Colégio Eleitoral
A eleição para presidente, a primeira para um civil em 21 anos de ditadura do regime militar, foi de forma indireta, no Colégio Eleitoral, formado por Deputados federais e senadores eleitos em 1982 (ano da primeira eleição direta para governador).

Mas, no Colégio Eleitoral, do qual faziam parte senadores biônicos (indicados pelo regime militar ao Senado, sem passar pelo escrutínio popular e prefeitos das capitais), o governo tinha maioria e prefeitos das principais capitais (de maioria governista, representada no Congresso pelo PDS (Partido Democrático Social).

Nada tinha a ver com o velho PSD da era Vargas, nem com o PSD atual, presidido por Gilberto Kassab.
Pela matemática, dava Maluf...

O PDS tinha ampla maioria (361 votos contra os 273 votos do PMDB, o principal partido da oposição. O PDT de Brizola tinha 30 votos, o PTB, de Ivete Vargas, tinha 14 eleitores, e o PT, criado por Lula, sindicalistas e intelectuais de esquerda, defendia 8 votos.

Pela matemática, estaria garantida a eleição do deputado federal e ex-governador de São Paulo, Paulo Salim Maluf, do PDS.

Mas Maluf tinha resistências no partido oficial. O ex-ministro do Interior, coronel Mário Andreazza, pleiteava a vaga e tinha apoio dos senadores ACM e José Sarney, presidente do PDS.

Derrota das 'Diretas Já' minou Maluf
Uma das estratégias dos partidos de oposição para impedir a vitória de Maluf foi a emenda para a eleição direta a presidente da República — emenda do deputado Dante de Oliveira (PMDB-MT).

Embora derrotada em 25 de abril de 1984, na Câmara dos Deputados, a campanha das Diretas sacudiu o Brasil. Ampliou as resistências contra Paulo Maluf e lançou o nome de Tancredo Neves para liderar a candidatura da oposição.

Sarney renuncia e surge o PFL
O presidente do PDS, José Sarney, defendia uma prévia para o partido escolher três candidatos. O vice-presidente Aureliano Chaves era o terceiro. O presidente da República, general João Figueiredo, não concordou.

Desgastado com o episódio, Sarney renunciou à presidência do PDS em 11 de junho de 1984 e provocou um racha no partido oficial. Na eleição dentro do PDS, Maluf venceu Andreazza por 439 a 350 votos.
Sarney, ACM, o vice Aureliano Chaves (MG), e os senadores Marco Maciel (PE) e Jorge Bornhausen (SC) se uniram para criar a chamada Frente Liberal e decidiram apoiar Tancredo. A candidatura de Tancredo foi apoiada por todos os governadores do Nordeste (menos Wilson Braga, da Paraíba) e por Antônio Carlos Magalhães e outras lideranças que foram à convenção do PDS. Em 18 de julho, em nome dos dissidentes, Aureliano Chaves formalizou o apoio do grupo a Tancredo e a indicação de José Sarney para compor a chapa como candidato a vice-presidente.

Figueiredo foge sem passar faixa
Como a história nos conta, Tancredo Neves teve de ser internado às pressas na véspera da posse, em 15 de março de 1985. Assumiu interinamente o vice José Sarney, sem receber a faixa presidencial das mãos do general Figueiredo.

Antecipando em mais de 38 anos o mesmo gesto antidemocrático de Jair Bolsonaro, que fugiu para os Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022 (para não passar a faixa a Lula e disfarçar o golpe que tramava e resultou no 8 de janeiro de 2023), o general Figueiredo deixou o Palácio do Planalto pela porta lateral e embarcou de Brasília para o Rio pedindo “me esqueçam”.

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