JUSTIÇA
Delator diz que gravou ex-governador do Paraná ilegalmente a pedido de Sérgio Moro
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 02/06/2023 às 18:11
Alterado em 02/06/2023 às 18:57
O delator Tony Garcia, pivô da prisão do ex-governador Beto Richa no Paraná, em 2018, apresentou à Justiça graves denúncias contra o então juiz da Lava-Jato Sérgio Moro, além dos procuradores da força-tarefa de Curitiba, como o deputado federal cassado Deltan Dallagnol, por ilegalidades cometidas na operação.
Garcia afirmou em uma audiência com a juíza Gabriela Hardt que gravou ilegalmente o ex-governador a pedido de Moro e os procuradores da força-tarefa.
A oitiva com Gabriela ocorreu em 2021, mas o caso foi engavetado pela 13ª Vara Federal de Curitiba, onde correu o processo, até que foi remetido ao Supremo Tribunal Federal (TF) pelo juiz Eduardo Appio, hoje afastado do cargo. A mesma Hardt, aliás, substitui Appio atualmente.
Na declaração, noticiada pela revista Veja nesta sexta-feira (2), Tony afirma que as gravações eram trocadas por benefícios na Justiça e que havia sido orientado a esconder a parceria ilegal inclusive de seus advogados. Revela também que atuava para atingir alvos escolhidos pelo então inquisidor e que prestava contas das "missões" posteriormente.
“Eu fui agente infiltrado do Ministério Público, eu trabalhei por dois anos e meio, diuturnamente, com 24 horas tendo um agente da inteligência da Polícia Federal ao meu dispor para eu pedir segurança, para pedir interceptação de telefones, de tudo que colaborasse com a Justiça”, afirmou.
Além de Moro e Dallagnol, Tony Garcia cita os então procuradores da Lava-Jato Carlos Fernando, Januário Paludo e Diogo Castor.
Recentemente, as acusações feitas pelo delator foram enviadas para o ministro relator do caso na Suprema Corte, Dias Toffoli. Garcia deverá prestar novo depoimento à Justiça no próximo dia 9.
Moro nega
À Veja, Moro negou as acusações feitas por Garcia, a quem chamou de "criminoso condenado".
"Tony Garcia é um criminoso que foi condenado, com trânsito em julgado, por fraude e apropriação indébita. A pedido do Ministério Público e com supervisão da Polícia Federal, resolveu colaborar com a Justiça em investigação de esquemas de tráfico de influência e corrupção, ocasião na qual foi autorizado a gravar seus cúmplices. Este tipo de diligência é autorizada pela lei. Nunca houve qualquer escuta clandestina de conhecimento do senador, à época juiz, Sérgio Moro" diz a nota.