Câmeras de aeroporto de Roma comprovam tapa em filho de Moraes, diz PF
Relatos são de fontes da PF que assistiram ao vídeo; imagens devem ser enviadas nesta quinta pela Interpol da Itália para a Interpol do Brasil
A Polícia Federal (PF) já analisa, extraoficialmente, parte das imagens captadas pelo circuito interno do Aeroporto Internacional de Roma, na Itália, no âmbito do inquérito que apura possíveis crimes cometidos por três empresários de São Paulo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e seu filho, Alexandre Barci de Moraes, de 27 anos. De acordo com o colunista político Lauro Jardim, do jornal O GLOBO, as imagens vão comprovar, "com toda a certeza", que Roberto Mantovani Filho deu um tapa no advogado.
Os relatos são de fontes da PF que assistiram ao vídeo, que recebeu autorização nesta quarta-feira (19) para ser enviado ao Brasil. As imagens devem ser enviadas nesta quinta-feira (20) pela Interpol da Itália para a Interpol do Brasil e, em seguida, para o delegado que cuida do inquérito em Brasília. Chegando, o material vai passar por perícia. A PF instaurou inquérito para apurar acusações de agressão, ameaça, injúria e difamação contra o ministro.
Na PF, o entendimento até agora é de que "o relato do ministro é fiel à dinâmica dos fatos", conforme um integrante da corporação. Um integrante que, segundo Jardim, conhece o teor do material gravado no aeroporto, diz que as cenas capturadas pelas câmeras de segurança “confirmam a versão do ministro”, que vem sendo contestada pela família Mantovani, acusada de agredir o seu filho.
Esse relato está em sintonia com a representação feita por Moraes à PF. Nela, Moraes diz que o empresário "(...) empurrou (o seu filho) e deu um tapa em seus óculos". O magistrado também afirmou que a confusão se iniciou ainda no setor de embarque e chegou à porta da sala VIP.
Na tarde desta quarta-feira (19), durante entrevista à GloboNews, o advogado de Roberto e Andréa Mantovani, Ralph Tórtima, reforçou a versão de que o casal viu o ministro "por segundos" na área de ingresso à área VIP. Diante de uma série de indagações dos jornalistas, Tórtima disse que a confusão teria sido com o filho de Moraes, que estaria "bastante desequilibrado, transtornado e agressivo". Na versão da defesa, Roberto "apenas defendeu a esposa de ofensas extremamente pesadas".
Ralph ainda disse aos jornalistas que tem posse de um vídeo, repassado pelo genro do casal, Alex Zanatta, outro envolvido na confusão, no qual mostra que foi Alexandre de Moraes, e não Andréa, quem usou a palavra 'bandido' para ofender a outra parte. Na representação ajuizada pelo ministro à PF, na sexta passada, ele alega que toda confusão começou após Andréa, supostamente, o chamar de 'bandido e comprado'.
"A confusão ocorreu com esse jovem e uma mulher, que posteriormente, só ao desembarcarem em São Paulo, eles tomaram conhecimento de que se tratava do filho do ministro Alexandre de Moraes. Após o entrevero na entrada da sala VIP, o ministro ingressou na sala, mas esse jovem ficou do lado de fora, como se estivesse esperando a família Mantovani passar novamente pelo local para os abordar. Esse jovem, então, começou a ofender a esposa do senhor Roberto, que apenas a defendeu. Moraes saiu da sala VIP de onde tinha ingressado e conduz seu filho pelo ombro, faz uma foto dos três e diz que seriam responsabilizados. O genro pega o celular, faz um vídeo e pergunta se Moraes estava os ameaçando. Moraes xinga e vai embora", disse o advogado.
Nesse momento, ele é interrompido por um dos entrevistadores, que esclarece que a existência desse suposto vídeo seria uma novidade no caso e solicita para que Ralph compartilhe essas imagens para comprovar a teoria. É quando o advogado tenta desconversar sobre o xingamento, dizendo que o vídeo "vai evidenciar que o filho de Moraes aguardava ao lado de fora com o intuito de confrontar o idoso de 71 anos". Cobrado pela versão repassada segundos antes, especificando o xingamento, Ralph então diz que o ministro, ao puxar seu filho, xingou Roberto de "bandido".
"O vídeo da ofensa está aqui comigo e eu estou oferecendo junto ao procedimento para que todos tenham conhecimento. O procedimento corre sob sigilo, mas ele será integrado aos autos. [...] O vídeo apenas retrata a saída do ministro da sala e direcionando o filho para o interior da sala, evidenciando que de fato o filho estava ali fora. E a família reconhece que o filho os aguardava para que quando passassem, fosse alvo de novas ofensas”.
O advogado, durante a entrevista, também fez o possível para desvincular o episódio de uma possível intolerância política. Ele reforçou o fato de que, em 2004, quando foi candidato a prefeito de Santa Bárbara d'Oeste, Roberto Mantovani foi apoiado por Lula: "Não há qualquer conotação política, não houve em momento algum nada direcionado ao ministro, em momento algum eles quiseram atingir a imagem pública do ministro".