JUSTIÇA
Operação Lesa Pátria: Léo Índio, sobrinho de Bolsonaro, é alvo de busca e apreensão
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 25/10/2023 às 14:12
Alterado em 25/10/2023 às 19:32
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (25), a 19ª etapa da Operação Lesa Pátria, que investiga os Atos Golpistas do 8 de Janeiro. Os agentes cumprem cinco mandados de prisão e 13 de busca e apreensão em Brasília (DF), Cáceres (MT), Cuiabá (MT), Santos (SP) e São Gonçalo (RJ).
Entre os alvos da operação está Leonardo Rodrigues de Jesus, mais conhecido como Léo Índio, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, por óbvio, primo de três de seus filhos. Sua relação com Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) é de tamanha proximidade que o nome do filho O2 do ex-capitão foi parar nos assuntos mais comentados do X/Twitter. A PF tenta cumprir mandado de busca e apreensão em endereço ligado a ele.
Nas horas seguintes aos atos de vandalismo em Brasília, Léo publicou fotos em uma rede social em cima do Congresso Nacional e próximo ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em uma das postagens, ele aparece com os olhos vermelhos, como se estivesse chorando de emoção.
Porém, após repercussão negativa, ele voltou às redes para se explicar e disse que a vermelhidão foi causada por gás lacrimogêneo. Na postagem, ele criou a narrativa sobre a presença de 'infiltrados' de esquerda, o que depois foi propagado pelo clã e aliados do ex-mandatário.
"Quem tem histórico de destruir patrimônio público é a esquerda. Focarão no vandalismo, certamente. Mas sabemos a verdade. Olhos vermelhos = gás lacrimogênio (sic) disparado pelas forças de segurança, que não focaram nos focos de destruição, jogaram em todos os manifestantes. Busquem os verdadeiros vândalos e também os covardes mascarados e fantasiados de patriotas”, escreveu após o 8 de janeiro.
Segundo a PF, os fatos investigados incluem os seguintes crimes:
- abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- golpe de Estado;
- dano qualificado;
- associação criminosa;
- incitação ao crime;
- destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido;
- crimes da lei de terrorismo.
Quem é Léo Índio?
Léo Índio é filho de Rosemeire Nantes Braga Rodrigues, irmã de Rogéria Nantes Braga Rodrigues, primeira esposa de Jair e mãe de seus três primeiros filhos: Flávio, Carlos e Eduardo. Morador do Rio de Janeiro, onde dividiu apartamento com Carlos, Léo se mudou para Brasília no primeiro ano do governo Bolsonaro, em 2019.
De acordo com o livro Tormenta, da jornalista Thaís Oyama, Carlos chegou a procurar cargos para o primo no Palácio do Planalto. Primeiro, Carlos tentou um cargo de chefia na Polícia Federal, embora Índio não seja policial. O objetivo era fazer a segurança do então presidente. Em outro momento, tentou um cargo na Secretaria de Governo, com salário de R$ 13 mil. O general Santos Cruz, que chefiava a pasta, não aceitou.
Ele também foi assessor do senador Chico Rodrigues (União-RR), com um salário bruto de R$ 22.943,73, entre abril de 2019 e outubro de 2020. Ele pediu exoneração depois que o parlamentar foi flagrado com R$ 30 mil na cueca. Segundo a PF, o dinheiro era proveniente de desvio de recursos da Saúde durante a pandemia.
No ano seguinte, em dezembro, ele foi nomeado auxiliar administrativo júnior na liderança do PL no Senado com salário de R$ 5.735,93. No entanto, ele foi exonerado do cargo, depois que uma reportagem do UOL mostrou que Índio, na verdade, era um funcionário fantasma.
Léo Índio, que se apresenta como sobrinho de Bolsonaro nas suas redes sociais, concorreu pelo PL nas eleições para a Câmara Legislativa do Distrito Federal em 2022, porém não foi eleito.
Ele também é alvo de um inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar as manifestações bolsonaristas de 7 de setembro de 2021 que reverberaram ataques ao STF. Léo Índio publicou, dias antes da manifestação, uma campanha de arrecadação de dinheiro para viabilizar os atos.
Os mandados de prisão
Em relação aos mandados de prisão, os alvos são:
- José Carlos da Silva: conhecido como Zé do Renascer, residia em Cuiabá, Mato Grosso. Ele aparece nas imagens veiculadas pela internet do 8 de Janeiro durante a invasão do Congresso Nacional. Também foi candidato a vereador nas eleições municipais de 2016 e 2020. Na última, conseguiu ficar como suplente de vereador na Câmara Municipal de Cuiabá.
- Walter Parreira: tem 62 anos, aparece em vídeo de antes e durante os ataques golpistas do 8 de Janeiro. O investigado morava em Santos (SP) e foi um dos organizadores das caravanas rumo a Brasília. Ele também foi um dos 35 organizadores de manifestações a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro na Baixada Santista.
- Fabrizio Colombo: Morador de Cáceres (MT), é policial rodoviário federal (PRF) e alvo de um processo do ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques, em novembro do ano passado.
- Luiz Antônio Vilarde: morador de Cuiabá
- César Guimarães: morador de Cuiabá.