JUSTIÇA
STF utiliza arte e diálogo para relembrar 2 anos dos ataques de 8 de janeiro
Por JB JURÍDICO
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Publicado em 05/01/2025 às 11:30
Alterado em 05/01/2025 às 11:30
Em memória aos ataques ocorridos aos prédios dos três Poderes da República, o Supremo Tribunal Federal (STF) promoverá no dia 8/1, às 14h, uma roda de conversa. O vice-presidente do Supremo no exercício da Presidência, ministro Edson Fachin, abrirá o encontro, e também receberá, às 15h30, obras de arte, produzidas com destroços da invasão, de quatro artistas plásticos de Brasília.
Participarão da conversa servidores e colaboradores que atuaram na limpeza e reconstrução das instalações depredadas, além da restauração das obras destruídas durante a invasão à Suprema Corte.
No mesmo dia, o Supremo lançará um hotsite de memória com informações completas, que vão desde os ataques e a destruição do prédio até o processo de reconstrução e a responsabilização daqueles que invadiram e depredaram as instalações da Corte.
Arte
Quatro artistas participam do projeto que propõe ressignificar material oriundo da destruição das instalações do STF: Valéria Pena-Costa, Carppio de Morais, Marilu Cerqueira e Mário Jardim. O grupo entregará formalmente as peças ao ministro Fachin, momento em que os artistas apresentarão cada uma das obras que simbolizam a reconstrução do prédio da Suprema Corte e a prevalência da democracia.
O Manto da Democracia é o título da obra de Valéria Pena-Costa. A artista convidou cerca de 60 mulheres para reconstruir simbolicamente a toga da ministra Rosa Weber, presidente do STF na data dos ataques de 8/1/2023. A proposta da artista é reunir o que chamou de “energia criativa” de muitas mulheres em torno de uma mulher que ocupava um dos mais altos postos de poder do país. “Um ato simbólico de identidade, solidariedade e força, manifestado através da arte”.
Apresentado dentro de uma caixa de acrílico, Carppio de Morais produziu uma pintura sobre tela com tonalidade em preto inspirada no luto das páginas carbonizadas da Constituição Federal. Segundo o artista, a obra trará um percurso histórico em que se retrata a sociedade brasileira, desde a escravidão até os dias atuais, passando pela primeira Constituição, para representar um Brasil diverso, além de dividido ideológica e socialmente.
A produção de Marilu Cerqueira se deu em pedra mármore azul retalhada, com pedaços de vidro blindex esverdeado, vidro de lâmpada, pedaços de tela de dispositivo móvel/tablet, cacos de espelho, mármore branco triturado, pedra portuguesa triturada e a impressão do símbolo da bandeira com frases representando a destruição do Tribunal. Para ela, “o 8/1/23 deve ser uma data para sempre relembrada pois não se trata de algo apenas no passado, ele é presente e futuro”.
A obra do artista Mário Jardim, feita em parceria com Valéria Pena-Costa, terá a palavra “democracia”, referida no espelho e repetida em seus fragmentos. A ideia é baseada em sermões do Padre Antônio Vieira, para quem as propriedades e as virtudes da eucaristia não se deixam afetar pela fragmentação, já que cada parte trazia em si o todo da divindade. Para os artistas, assim também é a democracia, que, apesar de atacada, se perpetua íntegra, desde que preservadas as suas partes que abrigam o todo. (com Ascom/STF)