MEIO AMBIENTE

Seca histórica em Manaus: trecho do Rio Negro atinge menor nível em 122 anos

Trata-se da maior seca desde 1902, ano em que se iniciaram as medições no local

Por JB AMBIENTAL
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Publicado em 04/10/2024 às 16:37

Alterado em 04/10/2024 às 16:37

Rio Negro Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace

O menor nível já registrado no Rio Negro, na região da capital amazonense, foi de 12,7 m em 26 de outubro de 2023. Nessa quinta (3), porém, o nível do rio chegou a 12,69 m, às 17h (horário de Brasilia), segundo dados levantados pelo Greenpeace Brasil da Rede Hidrometeorológica Nacional - RHN, Serviço Geológico do Brasil, em Manaus (AM). Desde 1º de outubro, ele tem secado 14 cm por dia, mas chegou a secar mais de 25 cm por dia na primeira semana de setembro. Isso significa que o rio continuará secando nos próximos dias.

Para se ter uma noção da severidade da atual seca no Rio Negro na região de Manaus, o maior nível que o Rio Negro já alcançou foi de 30 m, registrado em junho de 2021.

O Rio Negro percorre mais de 1,3 mil km do território brasileiro e é o maior afluente da margem esquerda do Rio Amazonas, o maior rio em vazão do mundo.


Rio Tefé, afluente do Rio Solimões, em 28 de setembro de 2024. O rio enfrenta seca histórica Foto: Christian Braga / Greenpeace

“A seca chegou mais cedo em várias regiões da Amazônia em 2024. Ela também está mais severa e mais extensa este ano. Importantes rios da região sequer tinham se recuperado da seca histórica do ano passado quando foram atingidos pelo atual estiagem. De maneira geral, quase todas as bacias da Amazônia enfrentam recorde de estiagem em algum trecho”, diz o porta-voz do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista.

A seca histórica que atinge o estado do Amazonas já impacta a vida de 747.642 pessoas em todo o estado, segundo o boletim sobre a estiagem divulgado pela Defesa Civil na segunda-feira, dia 30 de setembro de 2024. Todos os municípios do estado estão em situação de emergência.

“Depois de sofrer com queimadas e muita fumaça, agora Manaus passa pela maior seca da sua história, com o menor nível já registrado no Rio Negro. Todos sofrem com este cenário de evento climático extremo, mas principalmente as populações ribeirinhas, quilombolas, indígenas e periurbanas de Manaus. É urgente garantir o acesso dessa população à água, alimentação, saúde, transporte, educação e acesso às zonas eleitorais no próximo final de semana, quando ocorrem as eleições municipais”, diz Batista.

Lista dos rios que já atingiram a mínima histórica em toda a Amazônia, segundo dados levantados pelo Greenpeace Brasil:

Rio Solimões, em Tabatinga, Boa Fé e Coari Amazonas
Rio Madeira, na região de Porto Velho e Humaitá, Rondônia
Rio Tapajós, na região de Itaituba, no Pará
Rio Xingu, em Pedra do Ó, Pará
Rio Acre, no Acre

Em setembro, o Greenpeace Brasil fez uma expedição pela região de Tefé, Amazonas, para documentar os impactos da seca severa. A equipe registrou como a falta de chuvas está transformando rios, prejudicando a pesca e afetando o modo de vida de milhares de pessoas, incluindo populações indígenas e quilombolas. Confira e baixe as imagens aqui.

Ainda em setembro, o Greenpeace fez uma ação no leito seco do Rio Solimões em Manacapuru, Amazonas. Ativistas da organização estenderam banners gigantes com os dizeres “Who Pays” (quem paga pelos impactos da crise climática, se referindo aos grandes poluidores, como a indústria de combustível fóssil) e “cadê o rio que passava aqui?”.

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