MEIO AMBIENTE

Mudanças climáticas são maior ameaça no próximo ano, afirmam CEOs de empresas de energia e saneamento no País

Por JB AMBIENTAL com Agência Estado
redacao@jb.com.br

Publicado em 19/03/2025 às 09:46

Alterado em 19/03/2025 às 09:48

. Foto: Gilvan Rocha/Agência Brasil

Por Ludmylla Rocha - As mudanças climáticas foram apontadas pelos presidentes de empresas de energia e saneamento do País como a principal ameaça para as companhias desses setores nos próximos 12 meses, aponta pesquisa global feita pela consultoria PwC.

Este risco - medido pela probabilidade de perda financeira significativa - foi citado por 31% dos entrevistados, seguido por disrupção tecnológica (26%); riscos cibernéticos, instabilidade macroeconômica e conflitos geopolíticos (23% cada), baixa disponibilidade de mão de obra qualificada e inflação (20% cada). Os executivos podiam escolher mais de uma opção.

A preocupação com questões climáticas foi maior neste recorte do que quando avaliadas as respostas de todos os executivo ouvidos no Brasil, independente do setor (apenas 21% dos executivos brasileiros destacaram o tema). Globalmente, o porcentual cai para 14%.

Apesar de ter subido da terceira para a primeira posição entre as principais ameaças, o porcentual de líderes que citaram o desafio climático como maior risco caiu, já que no ano passado foi citada por 39%.

Para o sócio e líder do setor de Energia e Serviços de Utilidade Pública da PwC Brasil, Adriano Correia, pode haver uma sobreposição entre as duas maiores preocupações do setor de utilities. "Quando eu olho esse resultado e penso nesses desafios de mudança climática e disrupção tecnológica, vejo uma correlação muito grande e acho que se deveria considerar os dois, de certa forma, em conjunto. Porque se hoje surge, por exemplo, uma nova tecnologia que viabilize a produção de hidrogênio a menos de dois dólares por tonelada, a gente tem um outro jogo aqui na mesa", disse.

A CEO Survey ouviu mais de 4.700 executivos, em mais de 100 países e territórios, de outubro ao início de novembro de 2024. No Brasil, foram consultados cerca de 180 CEOs.

Correia lembrou que a pesquisa foi realizada antes das eleições nos Estados Unidos, que trouxeram o republicano Donald Trump de volta à Presidência do país. O mandatário norte-americano é conhecido por negar o aquecimento global, incentivar combustíveis fósseis e tem travado uma guerra tarifária com efeitos na economia mundial.

Apesar disso, o líder na PwC acredita que os investimentos nesta frente continuarão ocorrendo. "Não vejo como retroceder nessa agenda. Por mais que a gente perceba que, em alguns lugares, esses investimentos vão ficar parados, congelados por um momento, não vejo como voltar atrás. Infelizmente, temos visto os impactos, sentido fortemente no nosso dia a dia".

Outros recortes

Quase metade dos CEOs do setor (48%) afirmou que investimentos voltados à questão climática trouxeram impacto positivo na receita, com a venda de produtos e serviços. O porcentual de entrevistados que relatou pouca ou nenhuma alteração, porém, foi igual.

A maior parte dos executivos de utilities que atuam no Brasil (51%) avaliaram que a empresa em que atuam não será viável economicamente por mais de 10 anos se não se reinventar. No ano passado, o porcentual era menor, de 29%. No recorte do País, sem considerar setores específicos, a preocupação é menor, de 45% no estudo publicado este ano, ante 41% na divulgação do ano passado.

Para fazer frente a isto, mais da metade dos CEOs dos setores (54%) citou a busca por uma nova base de clientes como ação de reinvenção para os próximos cinco anos. A medida é seguida pelo desenvolvimento de produtos ou serviços inovadores (34%), parcerias com outras organizações (31%), investimento em novas estratégias de crescimento (20%), e implementação de novos modelos de precificação (9%).

Os executivos também estão menos confiantes quanto ao aumento na lucratividade com a inteligência artificial (IA) generativa. No setor de energia e saneamento, 48% esperam alta, enquanto no Brasil como um todo, a expectativa foi citada por 61% dos executivos. No âmbito global, o porcentual é de 49%. No ano passado, tanto no setor quanto o País o porcentual dos que esperavam valorização era de 55%. No mundo, era de 46%.

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