A capacidade de resposta

Por TARCISIO PADILHA JUNIOR

'Para que ninguém pense que
a pergunta é sem sentido'
                                                            E. H. Carr (1961)



Sócrates disse seguidamente que não existe um caminho melhor para buscar a razão das coisas que perguntar.

Como compreender o desenvolvimento tecnológico sem levar em consideração o valor democrático atribuído? Hoje, objetivos se definem a partir de possibilidades internas da tecnologia.

Assim independentes de motivações propriamente não tecnológicas, provenientes de outros setores da cultura.

Paradoxalmente, portanto, não é mais o sistema de necessidades que comanda o desenvolvimento tecnológico, mas o próprio devir da tecnologia que comanda o sistema de necessidades.

Em sociedade, os diferentes efeitos da tecnologia conjugam-se para provocar transtornos do domínio cultural.

No nível universitário, mesmo os domínios que tradicionalmente se orientavam para formação humanística são irremediavelmente dominados pela proeminência do método tecnológico.

Quando existe verdadeira consideração do conjunto de realidades, maior se torna a complexidade do conjunto.

Há simultaneamente modificação da estrutura do tempo, transformação de estruturas institucionais e formas de trabalho, condicionadas por uma adequação da competência tecnológica.

Percepção seletiva, no entanto, constitui um entrave ao esforço cultural para aumentar a capacidade de resposta.

Engenheiro, é autor de "Por Inteiro" (Multifoco, 2019)