Esporte é saúde
Pinço das velhas transmissões esportivas o título para o artigo, mas penso que a menção à saúde talvez devesse sair em maiúscula, uma vez que a ministra que resiste na aludida pasta chegou a ser chutada para o alto com toda a força.
Seria mais uma bola fora, bem longe da meta, momento em que nossos locutores encheriam a boca para repetir o bordão da emissora: ESPORTE É SAÚDE, expressão que pode ser traduzida, substituindo o pé-da-letra pelo enfático incentivo a botá-lo na forma, por “bora partir pra outra”. Afinal, se esporte é saúde, saúde também não deixa de ser esporte.
Sei que a ministra, assim que balançou as redes sociais, por pouco não se viu anulada, assunto para o poderoso VAR, que, por milímetros, decidiu pela permanência dela na Esplanada. Entretanto, como se diz por aí, o Centrão já é governo na Austrália; e só falta escolher o terno (e a gravata) da posse.
Graças ao pragmatismo misógino que grassa em Brasília, a mulherada rodou para o saque. Sim, e depois da primeira ser sacada sem quase tocar na bola, agora surge uma célebre cortadora prestes a ser cortada da equipe. Subiu compacto o bloqueio no Centrão à atleta Ana Moser, a ponto de a defesa possível passar por uma manchete sobre a Copa na qual ela representará o Brasil nas tribunas, a exemplo das meninas em campo.
Queimada na fita, que futebol que nada! Mesmo lá em cima, não há paralela ou diagonal que a salve da medalha em contra-ataque, tudo na mão grande, ainda que dentro das quatro linhas.
Quem tem as antenas ligadas sabe que os fundos de quadras, e sobretudo os dispendiosos ginásios poliesportivos, são perfeitos para as emendas dos profissionais que chegam a peso de ouro. Esses adoram bolas rápidas nas pontas; e de banco, no momento, só admitem sentar na Caixa onde joga a próxima a sair do time de Lula.
Aposto que a cravada vem por aí, e que o rali pelo Esporte é jogo de cena. Sei que o lance caiu mal, deixa-que-eu-deixo em que não vai faltar quem ponha a mão espalmada em clara condução pelo União Brasil, Popular ou Republicano.
Daí que se a ministra na marca do pênalti vai pra Austrália e Nova Zelândia fazer turismo, em notório prêmio de consolação, fato é que o próprio turismo já mudou para mãos tipicamente masculinas, maiores e calejadas.