Um pai real

Por TARCISIO PADILHA JUNIOR

'O modo de apreciarmos uma coisa
é dizermos que a podemos perder'
                                                                                   G. K. Chesterton



É compreensível haver um interesse primordial pela conservação e pela defesa do núcleo primeiro de relações.

No núcleo familiar, o mundo é apresentado aos homens e às mulheres da maneira mais profunda e abrangente. "O pai pode ajudar a criar um espaço em que a mãe circule à vontade", diz Winnicott.

Nos dias que correm, um pai real se depara com a exigência de revisão do seu papel no mundo contemporâneo.

Quando fala de si e expõe sentimentos e emoções, o pai reconhece mudanças no seu modo de comportamento, respeita própria capacidade de perceber necessidades afetivas no ambiente em família.

A vontade de conquistar um lugar - e o melhor possível - condiciona a atual educação desde a mais tenra idade.

Quando os filhos atingem determinada idade, afastam-se dos pais; entram no mundo, seguindo a sua vocação, muitos deles incapazes de outros desígnios que não sejam os pragmáticos e imediatos.

Na sociedade, a família é realmente o espaço privilegiado em que nascem e crescem as atitudes fundamentais.

Constrói-se sobre a inteligência dos homens e mulheres que adquiriram consciência do poder crítico da razão; persiste numa trama de inter-relacionamentos, devidamente integrados na existência.

O mundo não é apenas uma arena na trama da história, só quem começa a ver o todo percebe que existe rumo.

Engenheiro, é autor de "Por Inteiro" (Multifoco, 2019)