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G-20; destino de nossos netos

Por ADHEMAR BAHADIAN
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Publicado em 17/11/2024 às 08:08

Alterado em 17/11/2024 às 08:08

Parece que os pombos-correios cogitam vender seu histórico negócio para os urubus. Ou para os chacais.
De tão ruins, as notícias envergonham até quem as transmite. E as pombas, com o renome conquistado quando trocavam segredos de guerra, acreditam ser imperioso passar o serviço para os chacais. Embora, a concorrência dos gaviões seja quase irresistível.

Estamos vivendo tempos a testar nossa paciência. As mentiras nos escorregam goela adentro com engasgos sufocantes.

Em poucos anos, a memória de um Estados Unidos como símbolo da Democracia, da terra dos bravos e fortes, se transforma num pesadelo em que perdemos a noção da liberdade que aprendemos a valorizar como expressão maior da dignidade humana.

Tudo agora é um caldo de cana gosmoso em que se confundem crenças religiosas com o mercantilismo mais predatório, a nos iludir como se estivéssemos a fazer renascer o capitalismo de Weber.

Pasmos, vemos um presidente eleito pelo voto popular aparelhar o Estado com o objetivo sequer disfarçado de confundir o certo com o errado, a lei com a desordem, o lucro com a rapinagem.

Na Secretaria da Saúde, como se fosse uma gargalhada histriônica diante do luto de milhões de famílias que perderam filhos e pais na Pandemia da covid, se coloca um negativista da vacina. Como explicar? O que se pretende sinalizar?

Na Procuradoria Geral da República se pretende colocar um óbvio e conhecido indivíduo com alegadas e pervertidas dissonâncias com a lei. Como ler essas e outras indicações, senão como deboche da boa fé e arrogância da lei e da ordem?

Com a alegada intenção de livrar o país de hordas de bárbaros assassinos, pretende-se expulsar milhares de imigrantes, muitos deles com mais de uma década de trabalho honesto com sua mão de obra barata. A que critérios jurídicos obedece esta discriminação? Estaremos a voltar à Roma bárbara dos Neros e Calígulas?

Porque há muito que assusta a todos nesta maré de ódio indiscriminado. Há muito de perplexidade quando se vê chamado a assumir a Secretaria da Defesa do país, com o maior arsenal nuclear do mundo, um homem cujo passado se desconhece ou, pior, se teme.

E ainda que nos consolássemos em saber que, por pior que sejam as coisas, elas estariam confinadas aos limites das fronteiras de um só país a quem cabe a responsabilidade da escolha de um tal governante.
Ainda assim, saberíamos da ingenuidade desta esperança, porque hoje se temos um Nero ao norte, podemos ter um Calígula ao sul. Ou se temos Cesar ao norte, temos Catilina ao sul.

E pior de tudo, há, como sabemos, a reiterada intenção de tornar inoperante, pela força ou pela descrença, a Carta das Nações Unidas, última bandeira esfarrapada, altiva nos mastros da paz.
Resta nossa força. Coincidência ou não, será mais uma vez na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, sob o abraço do símbolo Redentor, que se reúne, por dois escassos e preciosos dias, parcela considerável dos chefes de Estado de nosso planeta.

Deles há que sair a Declaração de nosso repúdio ao sacrilégio do sacrifício dos inocentes. A revolta diante da destruição de nosso planeta.

E sobretudo deles há de vir a convocação de todos para retomarmos, enquanto ainda há tempo, o caminho da sensatez.

O Mundo nos olha.

 

Adhemar Bahadian. Embaixador aposentado

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