Indiferença
'Cada país se tornou o
vizinho quase imediato'
Hanna Arendt (1968)
Indiferença ao destino de migrantes prossegue (Papa Francisco, desde viagem ao extremo sul da Itália em 2013).
Entre comunidade abstrata dos homens e multiplicidade dos destinos individuais a necessidade de fato tem rosto; resgatar uma vida é justificação suficiente.
Enquanto pensamos sobre alguém em especial, a quem acolhemos, debate continua majoritariamente estatístico.
Quando reduzida à faculdade de medir e comparar, razão encontra dificuldade de descobrir relações necessárias, esvazia a própria história de sua duração.
Nesses tempos que correm, observamos os limites da ação humanitária, que serve de álibi à impotência política.
A valorização do presente enquanto portador de um porvir não pode fazer-se sem a valorização do indivíduo em mínimos gestos da nossa vida cotidiana.
É tentador pôr essa experiência de lado em atividades e distrações que a sociedade em rede prontamente oferece.
Precisamos de instituições políticas e econômicas capazes de permear a generosidade no tecido social através do núcleo estável de valores partilhados.
Na presença de poderosos mecanismos que controlam a sociedade, a evidência do grupo tradicional desapareceu.
A racionalização crescente do mundo não significa forçosamente aumento do conhecimento geral das condições comuns da nossa existência humana.
Engenheiro, é especialista em gestão de pequenos empreendimentos