Juros compostos: parece mágica, mas não é. É matemática!

Por GABRIEL REDIVO

Os juros compostos são uma das forças mais impactantes para o crescimento do patrimônio ao longo do tempo. Eles funcionam como um efeito "bola de neve", onde os rendimentos gerados sobre o capital inicial começam a render por conta própria, acelerando o crescimento do patrimônio.

No começo, os rendimentos podem parecer modestos, mas com o passar do tempo, o crescimento se torna exponencial. Isso explica por que o tempo necessário para dobrar o capital diminui à medida que o patrimônio aumenta. A partir de certo ponto, o retorno sobre o capital investido se torna tão expressivo que novos patamares financeiros podem ser atingidos em intervalos cada vez menores. Uma teoria já bastante difundida diz que “atingir R$ 1 milhão é mais fácil depois dos R$ 100 mil investidos”. E realmente é.

Claro que não estamos falando em “passe de mágica”, até porque é preciso analisar algumas variáveis, como o impacto da inflação, as taxas de administração sobre o retorno final e o desconto do Imposto de Renda (IR). Os juros compostos permitem que os rendimentos gerem novos rendimentos ao longo do tempo: é o famoso “fazer o dinheiro trabalhar para você”.

Essa dinâmica reforça a importância de começar a investir o quanto antes e manter uma estratégia disciplinada de aportes regulares. Quanto mais cedo o investidor começa a se beneficiar dos juros compostos, mais rápido ele pode alcançar seus objetivos financeiros, como o tão desejado R$ 1 milhão. Controle emocional, disciplina e busca constante por conhecimento são essenciais. É preciso ter visão de longo prazo e estratégia de diversificação para minimizar riscos. Em pleno ano de 2024, ainda persiste o mito de que investir é algo exclusivo para pessoas ricas, aquelas que já possuem uma grande quantia de dinheiro.

No entanto, a democratização do mercado financeiro mostra que qualquer pessoa pode começar a investir, independentemente do valor inicial. Hoje, com diversas opções acessíveis e plataformas que facilitam o processo, todos podem dar os primeiros passos no mundo dos investimentos e construir seu patrimônio ao longo do tempo. Outro mito comum é que “todo investimento tem alto risco”. Não é verdade. Existem opções seguras, como produtos de renda fixa, que podem ser ajustadas ao perfil de risco do investidor iniciante.

Hoje, felizmente, existem diversas ferramentas educacionais e plataformas acessíveis, fazendo com que qualquer pessoa possa aprender a investir de maneira eficiente. Vale destacar que existe um ativo que vem ganhando evidência dentro do mercado financeiro: os precatórios, que representam uma interessante alternativa para investidores que buscam diversificação e rentabilidade superior em relação a investimentos mais convencionais, como o Tesouro Direto.

Esses ativos, que correspondem a dívidas que o governo deve a pessoas físicas ou jurídicas, são negociados com um grande deságio, o que permite a compra por valores consideravelmente menores que o valor nominal. Para o investidor, isso significa uma oportunidade de obter altos rendimentos, uma vez que o pagamento, quando realizado, é feito com base no valor total do precatório. Esse potencial de valorização, somado a uma rentabilidade mais atrativa, faz dos precatórios uma estratégia interessante para quem busca acelerar o crescimento do patrimônio.

Para ilustrar, considere um investimento de R$ 100 mil. Em um cenário em que a taxa Selic está a 11,25% ao ano, levaria aproximadamente 6 anos e 6 meses para dobrar o patrimônio, sem considerar impostos e taxas. Por outro lado, em um fundo de precatórios que oferece uma rentabilidade média de 20% ao ano, o tempo necessário para dobrar o investimento seria de cerca de 3 anos e 9 meses. Essa diferença significativa no tempo para dobrar o capital ressalta o impacto de uma rentabilidade mais elevada.

Como qualquer investimento, obviamente é importante que o investidor analise os riscos e tenha uma estratégia diversificada, mas os precatórios surgem como uma excelente opção para quem busca retornos expressivos e está disposto a explorar alternativas menos convencionais.

 

Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments