ARTIGOS
Enigmas da crise, da economia e o incentivo ao esporte
Por HÉLIO PAULO FERRAZ
Publicado em 28/01/2025 às 12:17
Alterado em 28/01/2025 às 12:17
'Está nisso a desgraça, porque tudo é enigma nesse mundo!' - Dostoievski – Irmãos Karamazov
“Os Irmãos Karamazov” no teatro SESC-Rio, é a origem da epígrafe que me faz refletir sobre ENIGMAS do Brasil, de nosso tempo, em especial, econômicos e as perplexidades que despertam.
Um dos enigmas é as despesas públicas de Combate à Fome, R$ 290 bi, Saúde, R$ 240 bi, Educação, R$ 200 bi, e Esporte, R$ 0,5 bi, serem consideradas inflacionárias, já os sagrados juros pagos, 1 trilhão, acredita-se, controlem a inflação!
As despesas são orçadas pelo Executivo, os juros, o Banco Central decreta, o segundo maior “juro real” do mundo, 9,48% e um encargo sobre dívida pública campeão mundial.
Outro enigma, são os juros do mercado em 6% a.m., ou 100% a.a. para Pessoa Física, Cheque Especial, 8% a.m./250% a.a., Cartão agora está limitado a 100% a.a.
Este mercado é oligopolizado numa concentração de 80% x EUA 40%, China 37%, Índia 36%.
Sem endossar as adjetivações do “Faria Limer”, raiz, Paulo Guedes: “Duzentos milhões de trouxas explorados por seis bancos, ...” Interessa-nos que o Banco Central regule tal mercado, para reproduzir um ambiente de concorrência perfeita.
Crises da macroeconomia são como as da economia pessoal e empresarial.
Uma pessoa, com despesas maiores que a renda e dívidas grandes, não vai chamar os credores para aumentar os juros, vai trabalhar mais, arranjar um segundo emprego, vai reduzir despesas, sim, enfim, tudo ao contrário da fórmula dos macroeconomistas para o país.
O bê-á-bá da recuperação empresarial é, igualmente, aumento de vendas, redução de custos, especialmente, juros, alongar passivo e investimento, em eficiência e produtividade.
A fórmula macroeconômica, é a única com lógica oposta. Não ao crescimento econômico - do PIB – e aumento da arrecadação, nem a redução dos juros da dívida pública, sim, redução das despesas, claro. Mas, se for para algo ser intocável, que não seja o juro, mas o Combate à fome, Saúde, Educação e Esporte.
Acreditamos que uma política monetária contracionista, quando necessária, seja temporária, bem dosada e de efeito sintomático. Mal comparado, como um analgésico, ou corticoide, numa infecção.
Afinal, a diferença entre remédio e veneno é a dosagem. Ora, nosso juro, já, é elevadíssimo. Como viabilizar investimentos com este custo de oportunidade?
Grandes economistas, como Andre Lara Resende, no Brasil, entendem que taxas elevadas, por longo tempo, provocam o efeito inverso.
É um enigma a extinção do Incentivo Fiscal ao Esporte pois um equívoco ser entendido como subsídio.
É, na verdade, uma delegação de parcela da Receita da União direto à cidadania, condicionada à assunção de tarefas públicas definidas, por confederações, federações, clubes etc. - que investirão nas atividades desportivas, especificadas, pois promotoras de mais saúde, educação e civilidade ao brasileiro.
Incentivo Fiscal ao Esporte, sim!
Estas considerações, embora rudimentares e desajeitadas, dialogam com setores do pensamento econômico, mais à esquerda e, ou, de vezo “Liberal Solidarista”, como eu.
Talvez, devesse somente ter divagado sobre o enigma acerca da acepção da palavra CRISE, representada por dois ideogramas, no mandarim/chinês:
Um a evocar o “perigo” da circunstância e outro a evocar “oportunidade”, conforme emblemática tradução, hoje questionada, de JFK, ou ainda, a mais lírica, adotada pelo Professor Wald, a “esperança de novas soluções”.
Combate à Fome, Saúde, Educação e Esporte, SIM!
Helio Paulo Ferraz foi presidente do Flamengo