ARTIGOS
Como chega a Indústria Brasileira na Era Trump 2?
Por FABRIZIO GAMMINO
Publicado em 05/04/2025 às 18:24
Alterado em 05/04/2025 às 18:26
A indústria cresceu, mesmo assim a conta não fecha.
EBITDA médio de 16% e lucro líquido de apenas 6%. Esses são os números demonstram que mesmo com todo o esforço operacional, a saúde da indústria brasileira em meio ao cenário global em atenção podem não estar tão bem assim.
Em 2024, a indústria brasileira cresceu 3,1%, segundo divulgado pelo IBGE em fevereiro. Mas crescimento, isoladamente, já não é métrica suficiente. Com a Selic projetada em 15% até meados de 2025, o custo de capital sufoca margens. E no front externo, a escalada do protecionismo tarifário e sanitário, somada à desglobalização acelerada — agora impulsionada pela volta de Trump à Casa Branca — exige das empresas muito mais do que resiliência: exige inteligência estratégica e inovação contínua.
É sobre isso que me proponho a refletir neste artigo, com base em uma análise criteriosa dos dados mais recentes de 59 indústrias brasileiras listadas na Bolsa, entre outubro de 2023 e setembro de 2024. Neste artigo, compartilho o panorama geral da minha análise, mas você pode conferir a análise completa da Indústria em 2024 no site da Gröwnt: Análise da Indústria 2024
Entre o crescimento e o endividamento
Ao longo dos últimos 12 meses, o resultado operacional médio (EBITDA) das empresas foi de 16%, mas o lucro líquido, descontadas depreciações e amortizações, ficou em 11%, e o lucro final em apenas 6%. Ou seja, boa parte do esforço operacional está sendo engolido pelo custo do capital.
Além disso, 32% da performance operacional foi consumida por despesas financeiras. Em outras palavras: a conta dos juros não fecha. Isso afeta, principalmente, empresas que não conseguem alinhar inovação com geração de caixa.
Inovação como ponte para o futuro
A boa notícia é que algumas empresas estão encontrando esse caminho. Weg, Grendene, Dexxos, Romi, Hypera e Embraer vêm provando que é possível crescer com rentabilidade, mesmo em um cenário macro adverso. Elas alavancam inovação como pilar estratégico — não apenas como discurso institucional.
A Hypera, por exemplo, captou mais de R$ 750 milhões em financiamento de inovação com o BNDES e a FINEP, com prazos acima de 10 anos e juros abaixo de 5% ao ano. Isso dá fôlego para investir sem recorrer à dívida cara de curto prazo.
Ranking Gröwnt da Indústria
Com base em nossa metodologia, avaliamos as empresas a partir de quatro critérios:
1-Geração de riqueza (33,33%)
2-Comprometimento do resultado com dívida (16,67%)
3-Juro médio anual (16,67%)
4-Pontuação em inovação (33,33%)
O resultado é o Ranking Gröwnt da Indústria 2024, que compartilho a seguir:
Top 15 – Indústrias mais saudáveis e inovadoras do Brasil
Enquanto muitas indústrias ainda operam no limite da sustentabilidade financeira, outras estão mostrando que há um caminho viável de crescimento, baseado em gestão eficiente da dívida e inovação estratégica.
A pergunta que deixo é: a sua empresa está pronta para enfrentar a Era Trump 2, juros de 15% e um mundo cada vez menos integrado? Se a resposta não vier da inovação, dificilmente virá de outro lugar.
Confira a análise completa da Indústria em 2024 no site da Gröwnt: Análise da Indústria 2024
Fabrizio Gammino é Co-CEO da Gröwnt, ecossistema de soluções para ajudar empresas de todos os setores a captar diversos investimentos públicos para transformação digital, modernização, ampliação estrutural e expansão de Capital. Atuando, há 15 anos, como parceira estratégica dos empresários brasileiros na gestão da estratégia financeira, desenvolvimento industrial e inovação.