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Polícia Federal prende general e outros oficiais do Exército, bolsonaristas que tramaram matar Lula e Alckmin

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Por JB POLÍCIA com Reuters e Revista Fórum
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Publicado em 19/11/2024 às 08:25

Alterado em 19/11/2024 às 13:56

General Mario Fernandes, preso por planejar para matar Lula e Alckmin. Na foto com o então presidente Bolsonaro Foto: Isac Nóbrega PR / Exército

Por Ricardo Brito - A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira uma operação para desarticular organização criminosa responsável por planejar um golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito na eleição de 2022, com planos de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin.

De acordo com nota da PF, as investigações apontam que a organização criminosa utilizou elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022.

"Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado 'Punhal Verde e Amarelo', que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos", disse a PF em nota.

Os investigados na Operação Contragolpe, são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais.

"Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o golpe de Estado fosse consumado", continuou a PF.

O planejamento elaborado pelos investigados, de acordo com a PF, detalhava recursos humanos e bélicos necessários para as ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas. Ainda haveria uma posterior instituição de um "Gabinete Institucional de Gestão de Crise", a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações, segundo a PF.

Os policiais federais cumprem cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados; a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 horas; e a suspensão do exercício de funções públicas.

O cumprimento dos mandados está sendo feito no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal. (Reuters)

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'Inspeção minuciosa'

A operação foi motivada, em grande medida, pela obtenção de novos indícios obtidos como parte da inspeção minuciosa e restauração de material que já tinha sido deletado de aparelhos do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e aparelhos celulares de outros militares investigados graças à tecnologia adquirida pelos investigadores da PF.

Ainda segundo os investigadores, a operação Contragolpe foi autorizada no âmbito do inquérito — que deve ser finalizado ainda este ano — que apura a tentativa de golpe de Estado e os atos de 8 de janeiro de 2023.

A partir das novas revelações, Cid deve depor novamente ainda nesta terça (19), uma vez que um acordo de delação premiada não prevê em seu instrumento que o investigado escolha o que delatar. (com Sputnik Brasil)

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Quem é o general, ex-assessor de Pazuello e Bolsonaro

Por Plínio Teodoro - Preso na manhã desta terça-feira (19) acusado de planejar os assassinatos de lula e Geraldo Alckmin (PSB), então presidente e vice-presidente eleitos, em 15 de dezembro de 2022, o general da reserva Mario Fernandes atuou como ministro-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República de Jair Bolsonaro (PL) e defendeu, na fatídica reunião ministerial de julho de 2022, "alternativas" antes das eleições.

"Eu acho que realmente nós temos que ter um prazo para que isso aconteça, e não... para que eles raciocinem que é importante avaliar essa possibilidade. Mas principalmente, pra que uma alternativa seja tomada, como o senhor bem disse, antes que aconteça", afirmou na reunião, revelando que Bolsonaro comandava uma ação golpista.

Na ocasião, o general chegou a levantar indagação sobre um "64 de novo", em relação ao golpe que levou à Ditadura Militar no país, e defendeu "conturbar o país" antes do processo eleitoral, vencido por Lula, em outubro daquele ano.

"Porque no momento que acontecer, o que vai acon... É 64 de novo? É uma junta de governo? É um governo militar? É um atraso de tudo que se avançou no país? Porque isso vai acontecer", disse. "Então, tem que ser antes. Tem que acontecer antes, como nós queremos, dentro de um estado de normalidade. Mas é muito melhor assumir um pequeno risco de conturbar o país, pensando assim para que aconteça antes, do que assumir um risco muito maior da conturbação quando a fotografia lá for de quem a fraude determinar", emendou.

Golpista
Preso juntamente com o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, os majores Rodrigo Bezerra Azevedo e Rafael Martins de Oliveira, e o policial federal Wladimir Matos Soares, o general de brigada Mario Fernandes era um dos principais homens de confiança de Bolsonaro no Planalto.

Comandante de Operações Especiais do Exército - os chamados Kids Pretos -, Fernandes foi alçado ao Planalto como número 2 do então ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência) dois meses após entrar para a reserva.

Em outubro de 2022, em meio ao processo eleitoral, ele foi escolhido por Bolsonaro para exercer o cargo de Autoridade de Monitoramento da Lei de Acesso à Informação, onde controlava a divulgação de informações sobre o governo.

Depois de defender uma "alternativa" antes das eleições, o general chegou a divulgar uma carta aberta pedindo um golpe de Estado, que circulou nos grupos de WhatsApp, incitando extremistas a se concentrarem em frente aos quartéis por todo o país.

"É agora ou nunca mais, COMANDANTE, temos que agir! E não existe motivação maior do que a proteção e o futuro desta Grande Nação e de seus filhos… Os nossos filhos!", diz o general na carta, pressionando seu substituto no comando das Forças Especiais a aderir ao golpe.

"COMANDANTE, eu gostaria, inicialmente, de reforçar ao Sr que mantenho minhas esperanças no Relatório da Defesa, instrumento este que, ao menos, deverá manter acesa a chama que atualmente estimula o clamor de nossa Sociedade! Clamor este que brada a indignação de nosso Povo, tanto com a manobra jurídica que anulou a condenação do Sr LULA, como com sua elegibilidade para concorrer ao mais importante Cargo desta grande Nação... O que foi alcançado por meio de um Sistema Eleitoral vulnerável, não transparente e totalmente fraudável", afirma ainda, atacando as urnas eletrônicas.

Após ver a tentativa de golpe fracassada, Mario Fernandes encontrou abrigo no gabinete do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), também general da reserva e ministro da Saúde durante a tragédia humanitária da pandemia no país.

O militar só deixou o gabinete após o líder do PL, Altineu Côrtes (PL-RJ), mandar Pazuello demiti-lo, em março deste ano, diante do avanço das investigações sobre a OrCrim golpista de Bolsonaro.

Por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, Mario Fernandes não poderia exercer função pública, já que é alvo das investigações.

Ele foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão, cumpridos pela Polícia Federal na Operação Veritatis, realizada em fevereiro. (Revista Fórum)

Leia a carta golpista de Mario Fernandes na íntegra

"Boa noite, COMANDANTE...

Ao cumprimenta-lo cordialmente, reforço, uma vez mais, a grande honra de tê-lo à frente dos destinos de nosso Exército, particularmente neste momento em que nenhum outro nome seria tão líder e capaz para tal Missão. Destaco também, COMANDANTE, a minha condição de seu eterno aluno e subordinado, cuja lealdade e confiança, a qualquer tempo ou por qualquer motivo, jamais serão abaladas!

COMANDANTE, eu gostaria, inicialmente, de reforçar ao Sr que mantenho minhas esperanças no Relatório da Defesa, instrumento este que, ao menos, deverá manter acesa a chama que atualmente estimula o clamor de nossa Sociedade! Clamor este que brada a indignação de nosso Povo, tanto com a manobra jurídica que anulou a condenação do Sr LULA, como com sua elegibilidade para concorrer ao mais importante Cargo desta grande Nação... O que foi alcançado por meio de um Sistema Eleitoral vulnerável, não transparente e totalmente fraudável.

COMANDANTE, os nossos pais viveram momentos tão tenebrosos como o que vivemos hoje, e como no passado, as nossas Instituições devem compreender que a vontade popular é a base da Democracia e que um apelo social tão significativo não pode simplesmente ser taxado como um Ato Antidemocrático, sendo desconsiderado e censurado. Uma AUDITORIA urgente deve ser imposta ao Judiciário, ao recente Pleito Eleitoral e aos Sistemas Integrados de Recursos Humanos, Hardware e Software da Justiça Eleitoral... Pelo simples motivo de que nossa Constituição Federal prevê “contagem pública” de votos!

Igualmente, COMANDANTE, por outro lado, a Sociedade Brasileira deve compreender que Instituições como as nossas Forças Armadas são de Estado, e como tal, com base em sua história e servidões, jamais poderão intervir em qualquer processo no País, sem uma base de apelo social e de amparo legal que justifique tal ato. Assim, contamos com um Evento Disparador, como no passado!

E talvez o Sr concorde comigo, COMANDANTE, quanto ao fato de que as atuais manifestações tendem a recrudescer, propiciando eventos disparadores a partir da ação das Forças de Segurança contra as massas populares, com uso de artefatos como gás lacrimogêneo e Gr de efeito moral… Tudo isto, bem próximo ou em nossas áreas militares!

Questões jurisdicionais vão ocorrer e o STF/TSE, seguramente, logo determinará a ação de Forças de Segurança em nossas áreas... Mas por enquanto, diferente da ações da VPR no passado, ações que vitimaram o Sgt MARIO KOZEL, o povo apenas canta o Hino Nacional e reverencia nossa Bandeira! Será que não é o momento de nos posicionarmos e cobrarmos da Justiça a postura que lhe é devida!

Desculpando-me pelo desabafo, General, eu acredito que nós seguimos discutindo política como se estivéssemos falando de futebol, sendo que uma ruptura institucional já ocorreu há muito tempo entre os Poderes. Precisamos tomar as rédeas da situação, COMANDANTE! O respaldo popular está aí e se prosseguirmos na atual passividade, corremos o risco de perder tanto o apoio como a histórica confiança de nossa Sociedade!

Com o atual Governo, existem, além do Sr, diversos Oficiais Generais e competentes Civis, todos indiscutivelmente PATRIOTAS, dedicados a um futuro digno para esta Nação. Com LULA, quantos serão? Não seremos mais ouvidos! Quem mais se preocupa com o destino desta Nação não se sentará mais à mesa das decisões! Que pressões sofrerão as nossas Forças Armadas? Nós nos conhecemos, COMANDANTE, não admitiremos o que está por vir... E reagiremos! Então, porque não reagir agora?

É agora ou nunca mais, COMANDANTE, temos que agir! E não existe motivação maior do que a proteção e o futuro desta Grande Nação e de seus filhos… Os nossos filhos!

Por fim, KID PRETO, permita-me reforçar, que eu não possuo honra maior em minha vida, do que a de pertencer ao Exército de Caxias, e que este Soldado das Operações Especiais sempre lhe dedicará lealdade e confiança incontestes. Reforçar, ainda, COMANDANTE, que somos Aves de mesma Plumagem, que voam e pensam juntas, e cujo sacrifício pela Pátria não é apenas uma rotina, mas sim, a nossa motivação! Sempre juntos... Força!!!

Gen MARIO"

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INFORME JB:

'A pergunta que não quer calar para o Xandão é a seguinte: E no Bolsonaro, não vai nada? Cartas para a redação'

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Leia aqui a íntegra de todos os documentos da ação judicial que culminou na operação da PF

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