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Operação da PF descobre corrupção em asfaltamento; obras foram bancadas com emendas parlamentares

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Por POLÍCIA JB com Agência Estado
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Publicado em 16/12/2024 às 07:36

Alterado em 16/12/2024 às 07:36

Dinheiro foi enviado por avião para Brasília Fotos: Polícia Federal

Por Levy Telles - A Polícia Federal (PF) descobriu um esquema de corrupção em obras de asfaltamento pelo Brasil, que totalizam quase R$ 50 milhões em dinheiro que veio de emendas parlamentares. Detalhes da investigação foram revelados pelo programa Fantástico, da TV Globo. Imagens, relatórios, gravações e conversas por telefone detalham como a quadrilha operava. Nessa operação, a PF conseguiu apreender 23 carros de luxo, três iates, seis imóveis, joias e mais de R$ 3 milhões em espécie.

Segundo as apurações, 17 empresários, servidores públicos e vereadores são acusados de participar da organização criminosa que movimentou pelo menos R$ 1 bilhão. Na apreensão foram encontrados documentos que mostravam que o grupo criminoso acumulava mais de R$ 820 milhões em contratos em pelo menos 14 Estados.

Como mostrou o Estadão, a propina era transportada por avião. Segundo investigação da PF, um integrante da quadrilha negociava em Brasília recursos de emendas. O dinheiro repassado a municípios era desviado por meio de obras superfaturadas.

A reportagem do Fantástico mostrou o caso de Campo Formoso (BA), cidade do líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento (BA) e que tem como prefeito Elmo Nascimento (União), Elmo Nascimento, seu irmão. A PF informou que ainda não identificou parlamentares envolvidos com o esquema. A prefeitura de Campo Formoso declarou que vai apurar se houve desvio em obra de asfaltamento em bairros da cidade.

Segundo a PF, o esquema envolvia o envio das emendas parlamentares para Estados, municípios e demais autarquias. A prefeitura da cidade então usa o dinheiro para abrir licitações favorecidas pelo grupo criminoso. Funcionários públicos que receberam propinas, então, passam informações privilegiados para favorecer a emprsa.

Imagens obtidas pelo Fantástico mostram que agentes da Polícia Federal monitoraram o embarque de dois homens no aeroporto de Salvador — o empresário Alex Rezende Parente, sócio da Allpha Pavimentações e Serviços de Construção Limitada, e Lucas Maciel Lobão Vieira — que usaram um jatinho para ir a Brasília.

Na capital federal, os agentes apreenderam R$ 35 mil em espécie com Vieira, que alegou que o recurso era usado para gastos pessoais na cidade. Na outra mala, Parente escondia R$ 1,5 milhão. Segundo ele, o valor seria usado para comprar máquinas agrícolas. Ele não apresentou provas.

Além disso, os policiais encontraram centenas de documentos e uma planilha que mostrava que esse grupo acumulava mais de R$ 820 milhões em contratos em pelo menos 14 Estados. Num áudio revelado pelo Fantástico, dois funcionários de Parente, Geraldo Guedes de Santana Filho e Iuri dos Santos Bezerra, um deles disse que haveria uma “caça às bruxas” e afirmou que havia três trituradores “em tempo real” em operação para destruir documentos.

Do grupo identificado, Itallo Moreira de Almeida, funcionário do governo de Tocantins, está foragido. Todos os outros foram presos. Um dos envolvidos no esquema, segundo a PF, é o ex-secretário de governo do município baiano de Campo Formoso e vereador eleito na mesma cidade, Francisco Nascimento (União).

Como mostrou o Estadão, deputados podem realizar “emendas Pix”, recurso sem transparência, que não tem finalidade definida que cai no cofre dos Estados e municípios antes mesmo de realizar qualquer licitação. Já foram mais de R$ 20 bilhões em emendas dessa categoria enviados por deputados. O tema foi ao Supremo Tribunal Federal (STF), que bloqueou o recurso de emendas pela falta de transparência, e ainda é alvo de controvérsia enquanto parlamentares tentam abrir janelas para manter a falta de transparência.

Procurados pelo Fantástico, o prefeito de Campo Formoso, Elmo Nascimento, afirmou que a prefeitura “conduz suas contratações dentro das melhores práticas” e determinou uma investigação interna para apurar os “supostos ilícitos”.

A defesa de Alex e Fábio Rezende Parente, e também de Lucas Maciel Lobão Vieira, alega que não teve acesso pleno aos autos e por isso não irá se manifestar sobre a operação. Já a defesa de Geraldo Guedes Santana Filho e de Iuri dos Santos Bezerra negam a participação deles no esquema. A defesa do vereador Francisco Nascimento optou por não se posicionar neste no momento. A defesa de Itallo Moreira de Almeida não retornou os pedidos de posicionamento.

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