Carlos Bolsonaro recebeu dinheiro de origem desconhecida; e também barrou o acesso do pai às redes

MP-RJ revelou que, desde 2005, Carlos e Ana Cristina, ex-esposa de Jair Bolsonaro, receberam R$ 476,8 mil

Por GABREL MANSUR

Carlos e Jair Bolsonaro

Mais distante das notícias, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) voltou aos holofotes nesta quinta-feira (11).

Primeiro: um laudo produzido pelo Laboratório de Tecnologia de Combate à Lavagem de Dinheiro e à Corrupção do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) revelou que, desde 2005, Carlos e Ana Cristina Siqueira Valle, ex-esposa de Jair Bolsonaro (PL), receberam R$ 476,8 mil em depósitos em dinheiro sem origem identificada. As informações foram reveladas pelo site UOL.

Segundo: Carlos barrou o acesso do pai às próprias contas nas redes sociais desde que anunciou, no dia 16 de abril, que deixaria de administrar os perfis. A informação foi noticiada pelo colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles.

As histórias no detalhe você confere abaixo.

Dinheiro desconhecido

Cristina, que chefiou o gabinete de Carlos Bolsonaro entre 2001 e 2008, recebeu 177 depósitos entre 2005 e 2021, que somam R$ 385 mil. Durante o período de 2012 a 2014, Jair Bolsonaro, ex-esposo de Cristina, fez três repasses em sua conta, totalizando R$ 34 mil.

No caso de Carlos Bolsonaro, foram identificados depósitos que ocorreram entre 2008 e 2015, totalizando R$ 91 mil. As informações foram obtidas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) após a quebra do sigilo bancário da dupla em maio de 2021.

A 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada foi responsável pela elaboração do laudo. O órgão investiga peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no gabinete de Carlos.

A suspeita do Ministério Público é que o dinheiro tenha origem num esquema de rachadinha no mandato do vereador. Sete parentes de Cristina eram lotados no gabinete de Carlos, mas não compareciam para trabalhar. Seriam funcionários fantasmas.

Acesso negado

Conforme apuração do jornal O Globo, Carlos trocou as senhas das redes do pai para marcar território, após entender que o pai estaria sendo aconselhado a seguir uma linha menos agressiva.

No último dia 16, ao anunciar que encerraria sua atuação nas redes do ex-presidente, o vereador carioca escreveu que "pessoas ruins se acham as tais e ganham muito com o suor dos outros que trabalham de verdade".

A última postagem realizada nos perfis de Bolsonaro no Facebook, Instagram, Twitter e Telegram havia ocorrido poucas horas antes, com críticas a declarações do presidente Lula (PT) sobre a guerra na Ucrânia durante viagem à China.

A ausência de publicações, que alcançou um período de 25 dias até esta quinta-feira, está causando preocupação entre os aliados de Bolsonaro, os quais aguardam uma conversa entre o ex-presidente e seu filho para resolver as divergências.

O episódio já aconteceu em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro. Naquela ocasião, Carlos parou de passar ao pai a senha de acesso ao Twitter. O silêncio do então presidente na rede durou três dias.