Arthur Lira toma café com Lula em meio à queda de braço entre Câmara e Governo

Em entrevista após encontro, político do Centrão negou que o Congresso esteja criando obstáculos para o presidente

Por GABRIEL MANSUR

Arthur Lira e Lula

Em meio a uma queda de braço entre Legislativo e Executivo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tomou café da manhã com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta segunda-feira (5), no Palácio do Alvorada.

Após o encontro, Lira voltou a criticar a articulação política do governo. "Precisa estar mais atento", alegou. Segundo o político alagoano, o petista precisaria fazer uma "arrumação mais efetiva" da base do governo na Câmara.

"O governo precisa se mobilizar. A articulação precisa estar mais atenta. Penso que, nessas discussões, o governo vai a partir de hoje, com a presença do presidente Lula, ter uma participação maior na construção dessa base mais sólida”, afirmou.

O líder da Casa Baixa declarou ainda que o "combustível está acabando" ao se referir ao apoio de partidos de centro, fora da base lulista, a projetos de interesse do governo.

“O Governo precisa fazer junto com seus líderes o processo de arregimentação de uma base que se mostra cristalina. Hoje o governo tem contado com a boa vontade desses partidos que estão votando republicanamente", disse Lira em entrevista à CNN Brasil.

Por outro lado, Lira alegou não haver “queda de braço” entre o Congresso e o chefe do Executivo. A avaliação ocorre após uma semana conturbada nas negociações pela aprovação das medidas provisórias do governo.

Na Câmara liderada por Lira o avanço do marco temporal também tramitou como uma espécie de recado ao petista. O cacique do Centrão, porém, nega a criação de obstáculos.

"Nosso papel é de ser facilitador, desmistificar essa queda de braço constante entre Lula e Lira, Lira e Lula. Isso não existe. O governo não teve nenhum ato arredio de nossa parte, nenhum tipo de imputação de derrotas em matérias importantes. O Congresso é liberal e conservador, com suas pautas próprias. Tem matérias que têm dificuldades de serem tratadas no plenário, como a questão do marco temporal. Nada tem a ver com perseguição aos povos originários", completou.

Segundo Lira, o encontro não estava previsto na agenda oficial do Palácio do Planalto.

"Recebi uma ligação do presidente ontem (domingo) para tomarmos um café-da-manhã hoje, colocarmos os assuntos em dia e tratarmos do que vem se discutindo, que é uma arrumação mais efetiva da base do governo na Câmara e no Senado, tratarmos das matérias importantes que estarão em discussão ainda neste primeiro semestre", completou.

Lula, por sua vez, ainda não compartilhou sua posição sobre o encontro com Lira. Ao final da semana passada, ele também minimizou as desavenças com o Congresso e defendeu a liberdade dos parlamentares de mudarem as propostas do governo.