POLÍTICA

Às vésperas de votação do arcabouço, Lula libera R$ 2,1 bilhões em emendas; PP de Lira e PL de Bolsonaro recebem maior parte

Partidos fora da base de apoio do governo são os que mais tem valores empenhados às vésperas da votação do Carf e da Reforma Tributária

Por GABRIEL MANSUR
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Publicado em 05/07/2023 às 20:59

Alterado em 06/07/2023 às 08:33

Plenário da Câmara dos Deputados Divulgação/Câmara dos Deputados

Em meio às negociações com o Congresso para aprovar projetos da área econômica e às vésperas da votação do novo arcabouço fiscal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liberou um lote recorde de R$ 2,1 bilhões em emendas parlamentares. A autorização de repasses ocorreu nesta terça-feira (4) e se concentrou em recursos do Ministério da Saúde, que vinha sendo bastante criticado pelo centrão pela demora na destinação do dinheiro das emendas.

O recorde anterior era de R$ 1,7 bilhão, registrado no fim de maio, durante a votação da MP dos Ministérios, quando Lula quase sofreu a maior derrota do governo com a iminência de perder a votação sobre a estrutura que montou para os ministérios do terceiro mandato.

O maior valor foi para bancadas estaduais e temáticas: R$ 1,4 bilhão. Outros R$ 707 milhões foram distribuídos para emendas indicadas por congressistas de diferentes partidos. ...

O levantamento considerou emendas apresentadas em 2023 e também em anos anteriores. A soma, portanto, corresponde ao total de valores reservados pelo governo para deputados federais e senadores que estejam ou não em exercício.

Nesse grupo, se destacam duas siglas de fora da base aliada do governo:

PP – R$ 281 milhões;
PL – R$ 144 milhões.

PSDB, União Brasil, Novo, PTB, MDB, Republicanos, PSD e Podemos fecham a lista das 10 siglas mais beneficiadas. O PT de Lula recebeu R$ 8,4 milhões. Outras legendas da base governista, como PSB e Rede, receberam, somados, R$ 5,5 milhões.

A congressista que mais recebeu empenhos de emendas parlamentares é Elcione Barbalho (MDB-PA), senadora que apresentou emendas em anos anteriores e não está mais em exercício.

O repasse do dinheiro para projetos indicados por congressistas é fundamental para o Planalto ter vitórias nas votações do PL do Carf, do marco fiscal e da reforma tributária – são as três prioridades do Planalto, segundo o líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

No entanto, líderes do centrão dizem que esses tipos de repasses não resolvem as principais questões apresentadas pelo Congresso ao Palácio do Planalto, pois são emendas obrigatórias. No entanto, manter esses recursos travados, ampliaria o desgaste do centrão com Lula, que tenta expandir a base de apoio no Congresso.