POLÍTICA
Hacker da Lava Jato diz que Zambelli o procurou para invadir as urnas eletrônicas
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 11/07/2023 às 18:15
Alterado em 11/07/2023 às 18:38
A deputada federal Carla Zambelli teria procurado o hacker Walter Delgatti Netto, responsável pela "Vaza Jato" - que expôs conversas comprometedoras entre o ex-juiz federal Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato - , para invadir urnas eletrônicas, além do e-mail e celular de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Foi o próprio hacker quem fez a delação durante depoimento à Polícia Federal (PF), segundo apurou a colunista de política Andréia Sadi. A revelação vem à tona um dia após a Justiça Federal do Distrito Federal conceder liberdade provisória a Walter. Ele foi preso no mês passado por descumprir medidas cautelares.
Walter, que cumpre pena em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica, informou que foi procurado por Zambelli em setembro de 2022, quando eles se encontraram na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. No depoimento, ainda de acordo com a apuração do blog, Delgatti admitiu que não conseguiu acessar o sistema eletrônico de votação e nem o celular de Moraes. Ele também não encontrou nada comprometedor na conta de e-mail do magistrado, à qual teve acesso em 2019, quando invadiu aplicativos de outras autoridades.
A reportagem revela ainda que foi Delgatti quem idealizou o 'estado de sítio' - em caso de derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições - já que Zambelli, segundo ele, queria alguma coisa que pudesse demonstrar a fragilidade da Justiça brasileira. O documento que sugere golpe de estado como uma espécie de alternativa foi encontrado na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
O hacker diz ter contado à deputada que tinha acesso ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e sugerido a emissão da ordem falsa de prisão contra Moraes. Zambelli, segundo o hacker, ficou empolgada, redigiu o documento e enviou para que Delgatti o incluísse no sistema. O hacker afirmou à PF que fez algumas alterações para corrigir falhas de português e emitiu o documento.
Liberdade provisória
O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, mandou soltar Walter Delgatti nesta segunda-feira (10).
Delgatti foi preso na semana passada sob a acusação de sair de Campinas (SP) sem autorização da Justiça. A autorização prévia para deixar a cidade é uma das medidas cautelares impostas no processo em substituição a outra prisão que foi efetuada em 2019.
Ao analisar pedido de liberdade feito pela defesa, o magistrado decidiu mandar soltar o hacker e determinou a instalação de tornozeleira eletrônica.
A defesa de Delgatti alegou que ele tem um filho em São Paulo e também viajou para a capital paulista para buscar emprego.