Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix em seis meses, aponta Coaf
Órgão afirma que quantia tem relação com campanha para pagamento de multas, mas Justiça de SP havia cobrado R$ 1 milhão do ex-presidente por não usar máscaras
Depois de identificar uma movimentação "atípica" de R$ 3,2 milhões nas contas bancárias do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem de Jair Bolsonaro (PL), o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que atua na prevenção e combate à lavagem de dinheiro, apontou que o próprio ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões por meio de transações de Pix entre 1º de janeiro a 4 de julho deste ano.
O relatório, obtido pelo jornal O Globo, diz que "chamou a atenção o montante de Pixs recebidos em situação atípica e incompatível", em parecer semelhante ao caso de seu braço direito Mauro Cid. Na avaliação da Coaf, os valores "provavelmente" têm relação com a campanha criada pelo ex-capitão para pagar as multas que recebeu por circular nas ruas de São Paulo sem máscaras durante a pandemia de Covid-19.
Só que a quantia encontrada na poupança de Bolsonaro é 16 vezes maior do que sua dívida com a Justiça de São Paulo, que determinou o bloqueio de mais de R$ 500 mil nas contas do ex-chefe do Executivo pelo não pagamento dos débitos, equivalentes a R$ 1.062.416,65. Bolsonaro arrecadou, em média, R$ 92 mil por dia.
"Esses lançamentos provavelmente possuem relação com a notícia divulgada na mídia: apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro iniciaram uma campanha de arrecadação via Pix que parece ter surtido efeito", diz trecho do relatório.
A chave Pix de Bolsonaro foi divulgada por ex-ministros do seu governo e parlamentares do PL para impulsionar as doações. O partido figura na lista como o maior doador do ex-presidente.