POLÍTICA

PT confirma apoio a Boulos e não terá candidato próprio à Prefeitura de São Paulo pela primeira vez

Aliança é resultado de um processo de fortalecimento de Boulos na capital, já que em 2020 o psolista foi para o segundo turno

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 05/08/2023 às 18:02

Alterado em 05/08/2023 às 19:38

Lula e Guilherme Boulos Foto: Ricardo Stuckert/PT

Pela primeira vez na história, o PT não lançará candidato cabeça de chapa para a Prefeitura de São Paulo. O partido oficializou, na tarde deste sábado (5), o apoio ao deputado federal Guilherme Boulos, que é do PSOL, em 2024. A aliança foi selada durante congresso municipal realizado na sede do Sinsaúde, no bairro da Liberdade, e reuniu filiados e militantes para debater a organização partidária e tática eleitoral. Boulos foi aclamado pela militância aos gritos de “São Paulo tem jeito, Boulos prefeito”.

Além de Boulos, participaram do ato político a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), assim como vereadores e deputados.

Em seu discurso, Boulos citou legados de gestões petistas na capital paulista, elogiou Lula e disse ter "orgulho" de seu trabalho com o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) nos últimos 20 anos. Boa parte de sua fala, porém, foi dedicada a criticar o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que recentemente passou a adotar uma postura mais radical, bem alinhado ao bolsonarismo.

"Nós temos que mostrar e temos que falar para devolver São Paulo para o povo, porque todos nós que estamos aqui temos orgulho de São Paulo, uma cidade de vanguarda, inovadora, a cidade do modernismo. Uma cidade acolhedora e solidária, que acolheu imigrantes do mundo inteiro, migrantes do Brasil inteiro, em especial os nordestinos", discursou.

Boa parte de sua fala, porém, foi dedicada a criticar o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).

"Bate uma tristeza a gente ver essa cidade tão grande, com tantas virtudes, com tanta história, abandonada como ela está hoje, sem comando, à deriva. Quem anda por São Paulo hoje tem um sentimento de insegurança, de caos. Não tem o básico de zeladoria, as pessoas jogadas nas calçadas, debaixo de viaduto, a maior população de rua da história. E se o Centro tá dessa forma, imaginem as periferias", completou.

A aliança é resultado de um processo de fortalecimento de Boulos na capital, já que em 2020 o psolista foi para o segundo turno na disputa municipal contra Bruno Covas, enquanto o candidato petista, Jilmar Tatto, ficou em sexto lugar, o pior desempenho da história do partido na capital. Segundo Gleisi, “foi uma questão de conjuntura”, porque os quadros do partido “não se mostraram os melhores candidatos”:

"Nós, na campanha de 2022, fizemos um compromisso. Eu sei que não pudemos fazer uma consulta ampla, conversar, mas às vezes no calor da emoção, como dirigentes, nós temos que tomar uma decisão. Não foi difícil fazer aquele compromisso. Eu entendo que tenha divergências, isso é normal, principalmente num partido como o nosso. É normal que tenha, mas nós ultrapassamos isso, viramos a página e queremos que todos os companheiros estejam juntos", falou Gleisi.

Sem representante

Esta será a primeira vez que o PT não vai lançar um candidato próprio na capital paulista, que já teve três gestões petistas: Luiza Erundina (1989-93), Marta Suplicy (2001-04) e Fernando Haddad (2013-16).

Pelo acordo, o PT fará a indicação do candidato a vice na chapa - nome ainda não definido. A mais cotada ao posto é Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde e mulher do ministro Fernando Haddad. Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, destaca que “o PT tem a prerrogativa de indicar o vice”, mas destaca que a definição do nome ainda será discutida.