POLÍTICA
PF encontra ordem de Bolsonaro para disparo de fake news sobre urnas: 'Repasse ao máximo'
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 22/08/2023 às 11:57
A Polícia Federal (PF) encontrou mensagens atribuídas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dando ordens para que o empresário Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, fizesse um disparo em massa de fake news, com ataques às urnas eletrônicas, ministros do Supremo Tribunal Federal e até contra o Datafolha. Por último, ele orienta: "REPASSE AO MÁXIMO", assim mesmo, em letras maiúsculas. A informação foi revelada pela jornalista Daniela Lima, do g1.
A troca de mensagens foi obtida pela investigação que apura o envolvimento de empresários em uma suposta tentativa de golpe de Estado. A apuração começou em 2022, depois que o portal Metrópoles revelou planos golpistas em caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um grupo frequentado por oito empresários renomados no Brasil e alinhados ao então presidente. O ministro Alexandre de Moraes autorizou a busca e apreensão de aparelhos telefônicos e outros itens contra os suspeitos.
No texto, o contato associado a Bolsonaro, "PR Bolsonaro 8", critica a atuação do ministro Luís Roberto Barroso ao defender o "processo eleitoral como algo seguro e confiável" e trata a defesa do voto eletrônico como "interferência". O remetente cita uma alegada fraude, sem base em suspeitas concretas, e ataca o Datafolha, alegando que ele inflou os números a favor de Lula, o vencedor da eleição de 2022.
Em resposta à ordem dada pelo contato PR Bolsonaro 8, o empresário dono da Tecnica afirmou que já havia repassado as declarações - que visavam espalhar uma onda de desconfiança entre os eleitores - a diversos grupos no aplicativo de mensagens. Nenhum dos dois envolvidos comentou, até o momento, as revelações.
A investigação
Na última segunda-feira (21), o ministro determinou que dois desses empresários permanecessem sob investigação: Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, e Luciano Hang, da Havan. Os outros seis alvos tiveram as acusações arquivadas. O ministro entendeu que, embora eles tivessem consumido e compartilhado desinformação, o fizeram dentro de parâmetros abarcados pela liberdade de expressão.
No caso de Nigri, a apuração continuará por mais 60 dias, pelo menos. A PF cita a proximidade de Nigri com Bolsonaro e levanta a suspeita de que ele fosse um braço para disseminação de ataques às instituições em seus grupos.