Mauro Cid alega que só queria 'cotar' o preço do Rolex dado a Bolsonaro

Ex-ajudante de ordens do ex-presidente trocou e-mails pedindo 60 mil dólares em relógio dado por rei da Arábia Saudita

Por GABRIEL MANSUR

Tenente-coronel Mauro Cid

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e braço direito de Jair Bolsonaro (PL), justificou a troca de e-mails interceptada pela CPMI do Golpe que revela uma suposta venda de um Rolex dado ao ex-presidente durante viagem oficial à Arábia Saudita. O militar teria afirmado à família que só queria "cotar" o preço do relógio, conforme informou o colunista político Guilherme Amado, do Metrópoles.

E-mails obtidos pela comissão que investiga os ataques golpistas de 8 de janeiro mostram que o Rolex teria preço de cerca de R$ 300 mil. Mauro Cid trocou as mensagens em inglês para tratar de uma possível venda do relógio por US$ 60 mil (mais de R$ 291 mil).

Os e-mails não deixam claro quem estava negociando com o então ajudante de ordens de Bolsonaro. Segundo o relatório, na época, Mauro Cid se correspondia com Maria Farani, que assessorava o Gabinete Adjunto de Informações do presidente Bolsonaro.

Em outubro de 2019, durante uma visita à Arábia Saudita, Bolsonaro recebeu um conjunto de joias do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud. O item de luxo foi devolvido pela defesa do ex-capitão em abril deste ano, após o caso ir à tona na mídia.

O próprio Mauro Cid tentou reaver o conjunto de joias em posse da Receita Federal no fim do ano passado, antes do ex-capitão embarcar para os Estados Unidos.

Cid está preso desde 3 de maio, no Batalhão do Exército de Brasília, por suspeita de fraudar cartões de vacinações de Bolsonaro e seu entorno. Ele também é investigado no inquérito das joias sauditas e por supostas mensagens golpistas encontradas em seu telefone.