PF avalia apreensão de passaporte de Bolsonaro; 'Sei dos riscos que corro', diz ele

Sob risco de prisão preventiva, por suspeitas de coação de testemunhas, ex-presidente discursou na Assembleia Legislativa de Goiás. PF descarta confissão de Cid e diz ter provas da venda de joias a mando de Bolsonaro.

Por JORNAL DO BRASIL com Revista Fórum

Bolsonaro na Assembleia Legislativa de Goiás

Plinio Teodoro - Em discurso de pouco mais de 12 minutos na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), onde recebeu o título de cidadão goiano na noite desta sexta-feira (18), Jair Bolsonaro (PL) sinalizou que pode deixar o país diante do avanço das investigações da Polícia Federal (PF) sobre a organização criminosa que traficava joias recebidas por ele durante visitas oficiais quando estava na Presidência.

“Estive três meses nos Estados Unidos, no estado da Flórida, realmente um estado fantástico. Mas apesar de ter sido acolhido muito bem, não existe terra igual a nossa. Sei dos riscos que corro em solo brasileiro, mas não podemos ceder”, disse o ex-presidente.

Com o cerco se fechando e diante da possibilidade uma prisão preventiva, em meio à suspeitas de coações à testemunhas, a PF voltou a avaliar um pedido de apreensão dos passaportes de Jair e Michelle Bolsonaro.

Em maio, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), chegou a autorizar a apreensão do documento para evitar a fuga de Bolsonaro, mas naquele momento os investigadores não viram a necessidade da medida, que voltou a ser avaliada nos últimos dias.

Segundo coluna de Paulo Cappelli, no portal Metrópoles, a leitura atual da PF é que Bolsonaro está se sentindo acuado e que uma fuga ao exterior não seria algo inimaginável.

O imbróglio envolvendo os advogados do tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência que está preso, e de Bolsonaro, no entanto, não preocupa a PF.

Nesta sexta-feira (18), Cezar Bitencourt, que assumiu a defesa de Cid, deu uma entrevista à Veja dizendo que o militar iria confessar a participação no "contrabando" de joias, mas sinalizou um recuo após telefonema recebido do defensor de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, horas após a publicação da reportagem.

"Essa confissão que ele quer fazer não acrescenta nada ao que já sabemos. As provas que reunimos já mostram que ele vendeu o relógio e que fez isso por determinação do ex-presidente", teria dito um dos investigadores à coluna de Malu Gaspar, no jornal O Globo deste sábado (19). "Se for para confessar o que a PF já sabe, melhor ele esperar para tentar usar a confissão no julgamento e reduzir a pena", emendou o agente.