CPI do Golpe: 'indiciado', Bolsonaro considera relatório 'parcial, tendencioso e com viés político'
Ex-presidente afirma que não há 'quaisquer elementos que o liguem aos atos investigados'; além dele, outros 60 tiveram o indiciamento solicitado
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou, nesta quarta-feira (18), a respeito do relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas do 8 de Janeiro que pediu seu indiciamento pelos crimes de violência política, associação criminosa, abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, todos previstos no Código Penal.
Por meio de nota, o ex-mandatário detonou a proposta da relatora Elizane Game (PSD-MA), enfatizando a falta de evidências que o liguem aos eventos investigados. Ele considerou o relatório "parcial" e "politicamente enviesado", questionando a ausência de fundamentos jurídicos em sua elaboração. Além disso, Bolsonaro menciona uma suposta omissão dos responsáveis pela segurança dos prédios públicos, ressaltando a alegada parcialidade do relatório.
"A proposta de indiciamento — para além da ausência de quaisquer elementos que conectem o ex-Presidente com os atos investigados —, mostra-se parcial, tendenciosa e totalmente pavimentada por viés político e não jurídico, olvidando-se, inclusive, da ostensiva crítica aos atos de vandalismo feita nas redes sociais do ex-mandatário no próprio 08/01”, afirmou o ex-chefe de Estado brasileiro na nota.
Além do ex-líder do governo, o relatório final da CPMI pediu o indiciamento de outras 60 pessoas, incluindo generais, coronéis e sargentos do Exército da reserva e da ativa, além de ex-integrantes e aliados do governo anterior. Entre os principais nomes, estão:
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens;
Silvinei Vasques, o ex-diretor da Polícia Federal Rodoviária (PRF)
Anderson Torres, ex-ministros da Justiça
Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil
Augusto Heleno, ex-ministro do GSI
Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência;
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
Carla Zambelli, deputada federal da bancada bolsonarista.
Caso o relatório seja aprovado, ele será encaminhado aos órgãos responsáveis por promover a responsabilização criminal das condutas listadas por Eliziane, como o Ministério Público Federal (MPF). Essas instituições continuarão as investigações e avaliarão se devem apresentar denúncias.
Aliados do governo e a relatora acreditam que o documento será amplamente aprovado. Espera-se que entre 18 e 20 deputados e senadores da CPI votem a favor, de acordo com parlamentares conservadores, enquanto Eliziane acredita que pode reunir 21 votos a favor.