Lula sobre aposta na educação: 'O que quero não é tirar direito dos outros, é dar oportunidade a todos'
Em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador, presidente anuncia investimentos do Governo Federal para a Bahia e faz breve balanço de ações do terceiro mandato
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está na Bahia para uma série de anúncios de investimentos no estado, em especial na área de educação. Serão mais de R$ 1,2 bilhão para construção de escolas, institutos e universidades e aquisição de ônibus com recursos do Novo PAC, além de R$ 382,8 milhões já destinados aos estudantes baianos pelo Pé-de-Meia. Antes do evento, ele concedeu entrevista ao jornalista Mário Kertész, da Rádio Metrópole, em Salvador, e reforçou a importância do tema.
“Nós descobrimos que 480 mil jovens do ensino médio desistem de estudar para ajudar no orçamento familiar. E quando o Camilo (ministro da Educação) me trouxe os dados, fiquei pensando: ‘Meu Deus, que país vamos criar se a gente permitir que esses jovens, todo ano, abandonem a escola? Então, resolvi criar o Pé-de-Meia e vim aqui na Bahia fazer um ato com eles. Estamos dando uma poupança para os meninos mais pobres não desistirem do estudo”, resumiu o presidente.
O presidente lembrou que mais de 407 mil jovens baianos já estão recebendo o Pé-de-Meia e reforçou a importância dos investimentos do Governo Federal em educação. Citou a expansão da escola em tempo integral e a criação de 100 novos institutos federais. Só na Bahia, serão mais oito. “Nós estamos fortalecendo muito a Escola de Tempo Integral. Este ano, colocamos um milhão de crianças no programa. Até o final do meu mandato, serão quase quatro milhões”, disse. “Com isso, a gente garante mais segurança para a criança, mais capacidade para estudar, mais coisa para aprender na área da cultura, de esporte, da dança. E também dá tranquilidade à mãe e ao pai, que podem sair para trabalhar sabendo que o seu filho está bem guardado”.
O presidente ainda contabilizou a construção de 19 universidades, além de 178 expansões universitárias feitas em todo o Brasil. E comparou: “Nós tivemos, em um século, 140 institutos federais feitos. Eu vou terminar o mandato com 782. E sabe por que quero tanto educação? Porque não tive. Eu sonho que a filha da empregada doméstica possa disputar uma vaga na universidade com a filha da patroa dela e ganhe quem for mais inteligente. Eu quero que o filho do pedreiro dispute vaga na universidade contra o filho do engenheiro patrão dele e vença o mais competente. O que quero não é tirar direito dos outros, é dar oportunidade a todos.”
NOVO PAC - O presidente ressaltou ainda a abrangência de programas sociais retomados e de obras de infraestrutura em andamento via Novo PAC na Bahia. “Cerca de um milhão de pessoas são beneficiadas pelo Farmácia Popular, e quase 3 milhões de pessoas recebem o Bolsa Família na Bahia. O PAC está trazendo R$ 96,9 bilhões, dos quais R$ 71,7 bilhões só na fronteira do estado”, listou. O presidente lembrou ainda a necessidade de solucionar o problema de abastecimento de água e as demandas habitacionais e comemorou que serão construídas 33 mil moradias pelo Minha Casa, Minha Vida para a população baiana. “Eu estou muito otimista.”
BETS – O presidente Lula explicou que se reuniu com integrantes de 14 ministérios e especialistas para discutir a questão das empresas de apostas esportivas (Bets). Ficou decidido regulamentar o funcionamento delas. Desde então, cerca de 2 mil já tiveram as atividades suspensas com a definição das regras, mas o presidente garantiu que o assunto ainda está sendo tratado com muita atenção. “Se a regulação der conta, está resolvido o problema. Se não der conta, eu acabo, para ficar bem claro. Porque você não tem controle do povo mais humilde, de criança com celular na mão fazendo aposta. Nós não queremos isso”, reforçou.
CRIME ORGANIZADO - Já na luta contra o crime organizado, Lula lembrou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, vem trabalhando numa Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança Pública, ouvindo para isso os governadores de estado. O projeto tem como um dos objetivos a criação de um modelo de polícia ostensiva federal com atuação em todo território nacional. “Eu quero reunir os 27 governadores de estado e a gente criar uma política de segurança pública que envolva a cidade, o Estado e a União. Qual o papel de cada um? Os estados não abrem mão do controle da polícia, mas tem que ter uma coordenação nacional. E a Polícia Federal só pode entrar quando o estado pede. Então, a nossa contribuição termina sendo a de repassar dinheiro. Não é isso que nós queremos”, reforçou. Essa articulação, segundo o presidente, é essencial para combater o crime organizado, que tem atuação multinacional e está disseminado em diversos setores da sociedade.
BALANÇO POSITIVO – Durante a conversa, o presidente Lula também fez um breve balanço do do terceiro mandato até aqui, e considera que o país está no caminho certo. “As coisas estão caminhando do jeito que eu queria. Eu quero acabar com a fome desse país. Quero colocar mais estudantes para fazer Instituto Federal, para fazer universidade. Eu quero melhorar a vida das pessoas”, disse. Lula fez referência ao fato de que a ampla maioria dos acordos salariais vêm sendo feitos com aumento real acima da inflação. Celebrou a menor taxa de desemprego desde 2012 e o fato de o país ter tirado mais de 24 milhões de pessoas do Mapa da Fome desde o início do ano passado. O presidente ainda sublinhou as projeções otimistas de crescimento econômico e a inflação controlada. (com Ascom da Presidência)