O dom da manipulação

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-->TEA TRO -->| CONTINUAÇÃO-->Na hora de escolher entr e o chor o e o riso, o drama e a comédia, o cinema e os palcos, a atriz fica com tudo-->Daniel Schenker-->F ernanda Monteneg r o inter pr e - tou, r ecentemente, Simone de Beauv oir no monólo go -->V iver sem tempos mortos -->. Na década de 80, Nathalia T imber g e Cle yde Yáconis também der am vida à libertária escritor a, que ha bita v a a imagina - ção do pr otagonista de -->A cerimônia do adeus -->, de Maur o Rasi. Agor a, Marisa Orth sur ge em cena como Beauv oir na montagem de -->O inferno sou eu -->, te xto de J uliana Rosenthal K., que desembar ca hoje no T eatr o P oeir a, em Botaf o go . – Assisti à montagem da F er - nanda, que não f azia e xatamente uma Simone de Beauv oir r ealista. Eu fui mais car a de pau. Em r elação a Sartr e e a Beauv oir , lembr o que ela disse “de v em ser pessoas f as - cinantes, mas não queria me tornar amiga deles” – conta Marisa. Inter pr etar a filósof a fr ancesa não esta v a e xatamente nos seus planos. Amiga da autor a, Marisa acompanhou o pr ocesso de criação da peça ao longo de quatr o anos. – Quando ficou pr onta, li e me pegou de imediato . Não é nada me - lodr amática – afirma Marisa, sobr e o te xto centr ado n um suposto en - contr o , em 1960 (ano em que Sartr e e Beauv oir vier am ao Br asil), entr e a f amosa escritor a e Dorinha (P aula W einfeld), jo v em estudante de le - tr as do Recife. A possibilidade de e v ocar no pal - co uma figur a r eal entusiasmou Ma - risa a embar car no pr ojeto , dirigido por J osé Rubens Siqueir a. – F iz poucas v ez es papel de gente que e xistiu – confirma a atriz, que, porém, não pr ocur ou r epr oduzir Beauv oir . – Não quis imitá-la. A pesar de conhecida do g r ande público pelo humor , a atriz tem também, no currículo , a encena- ção de te xtos consistentes como -->Seis personagens à procur a de um autor -->, d e Luigi Pir andello , e -->Três m ulher es altas -->, de Ed w ar d Albee. Na primeir a montagem, contr a - cenou com P aulo A utr an. – V ir amos g r andes amigos. Ele confiou em mim. Er a um baita ator , no sentido técnico , o que não quer diz er que f osse frio – r essalta. Na segunda, este v e em cena ao lado de Beatriz Segall e Nathalia T imber g. – Se elas ti v essem me con vidado par a participar de uma v er são de -->O r apto das ce bolinhas -->, também diria sim – brinca Marisa Orth, que ainda integ r ou, sob a condução de Maur o Mendonça F ilho (dir etor de -->S.O.S emergência -->, pr o g r ama da TV Globo do qual participa atualmente), o elenco de uma encenação de -->A m e- ger a domada -->, de Shak espear e. Mas M arisa não esconde o ca - rinho por uma peça que fez en - quanto cur sa v a a Escola de Arte Dr amática (EAD): -->Criança enterr a - da -->, de Sam Shepar d. – F oi minha montagem de f or - matur a, assinada por F r ancisco Me - deir os. T inha 22 anos e f azia uma per sonagem de 73. E não é que colou? Senti como um enorme de - safio – descr e v e Marisa, esta bele - cendo compar ação com os outr os te xtos. – A peça de Shepar d é uma tr agédia, de f ato . Pir andello é mais cer e br al. E Albee, dr amático , ao a bor dar a per da das ilusões. Não significa, em todo caso , que Marisa Orth r enegue sua tr a- jetória de comediante, populari- zada a partir da no v ela -->Rainha da sucata -->, de Silvio de Abr eu. – P ar a mim, descobrir a comé- dia f oi m ar a vilhoso – assume a atriz de pr o g r amas como -->Sai de baixo -->e -->T oma lá dá cá -->. Os e xtr emos não são e xcluden- tes. Não por acaso , M arisa Orth é partidária do dr ama e da comé- dia, do c hor o e do riso . – Sou da ger ação em que dr ama e comédia con vi viam. Gosto do pa - tético . Lembr o de g rupos como o P od Mino ga, de Naum Alv es de Souza, e da primeir a v ez que fiz -->Fica comigo esta noite -->, com Car los Mo - r eno – e v oca Marisa, que r etomou o te xto de Fla vio de Souza, anos de - pois, ao lado de Murilo Benício . Segundo a atriz, nem sempr e é fácil encontr ar esse equilíbrio nos dias de hoje. – Atualmente, as pessoas pr e - fer em sair de casa com segur ança em r elação ao que irão assistir . As - sistimos a um esv aziamento das pe - ças mais dr amáticas. V i v emos um r etr ocesso , nesse sentido – opina. Além do teatr o e da TV , Marisa Orth dedica atenção ao cinema. Costuma participar dos filmes de Anna Muylaert, tanto os curtas-me - tr agens – como -->A origem dos be bês segundo Kiki Ca v alcanti -->(1996) – quanto os longas – -->Durv al Discos -->(2002) e -->É proibido fumar -->(2009). – Somos m uito amigas. Ela é uma cineasta obsessi v a desde os 14 anos. Ac ho , inclusi v e, que não há outr o modo de ser dir etor a – assinala. P ar a completar , Marisa se dedica à música. Depois da di v ertidíssima banda V e xame, ela partiu par a o sho w -->Romance – vol. II -->, que v em apr esentando Br asil af or a. Como se vê, Marisa Orth tem o dom da m ul - tiplicação.-->Divulgação-->da-->multiplicação-->CONTUNDENTE -->– Encar nando Simone de Beauvoir , na peça da amiga Juliana Rosenthal K.