Sundance anuncia vencedores

A edição híbrida possibilitou o alcance de uma gama muito maior de participantes

Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO

Emilia Jones, protagonista do filme Coda

O Festival de Sundance – que neste ano foi realizado no formato digital em sua maior parte – divulgou na noite dessa terça feira (2) os prêmios de sua edição 2021.

O ator Patton Oswalt, que conduziu a cerimônia, deu inicialmente a palavra para Tabitha Jackson, diretora do festival, que celebrou o sucesso desta edição e agradeceu aos voluntários, ao júri e aos cineastas que confiaram no Sundance para mostrar seus trabalhos.

O melhor filme da competitiva americana dramática – a mais importante do evento – foi para “Coda”, de Siân Heder que também ganhou os prêmios de audiência e direção. O filme é sobre uma jovem que é a única ouvinte numa família de surdos. “Agradeço ao Sundance todo o apoio que recebi para a minha carreira e ao elenco por fazer deste filme uma experiência incrível. Estou muito feliz”, declarou a diretora.

Na competitiva de documentários, o melhor filme foi “Summer of Soul”, de Ahmir “Questlove” Thompson, sobre um concerto, ocorrido na mesma época de Woodstock, que ficou conhecido como Festival Cultural do Harlem. O filme também ganhou o prêmio de audiência. Questlove agradeceu a todos e destacou seu amor por contar histórias.

O vencedor da Mostra Cinema Mundial – onde concorria o brasileiro “A Nuvem Rosa”, de Iuli Gerbase – foi para “Hive”, de Blerta Basholli, que também ganhou audiência e direção. “Este prêmio significa muito para mim, para todos nós para todas as mulheres que precisam ter suas vozes ouvidas”, disse a diretora muito emocionada.

Na categoria Documentário Mundial, o vencedor foi “Flee”, de Jonas Poher Rasmussen, sobre um refugiado que foge do seu país para a Dinamarca. Rasmussen agradeceu pela confiança recebida para contar sua história, e a todos os envolvidos no filme.

O melhor curta-metragem – mostra na qual concorria o brasileiro “Inabitável”, de Matheus Farias e Enock Carvalho, foi dado para “Lizard”, de Akinola Davies Jr.

Veja abaixo a relação completa dos premiados.

Um retrato dimensional

Nas telas, o destaque do dia foi a première mundial de “Amy Tan: “Unintended Memoir”. O documentário – dirigido pelo cineasta James Redford, morto em outubro, e que era filho do ator e diretor Robert Redford – é sobre a famosa escritora americana, narrado através de gerações de sua família.

Em seu último trabalho, ele homenageia uma das escritoras mais importantes da literatura contemporânea, autora de obras de ficção, romances e livros infantis.
O filme foi exibido na “Special Screenings”, mostra dedicada a eventos especiais do Festival. Nada mais justo. Redford, além de pai de James, é o criador do Sundance.

Balanço e a pergunta que não quer calar

Sundance/2021 foi um festival do cinema independente na melhor acepção da palavra: marcado pela diversidade, ausência de preconceitos e muitos estreantes.

Além da poderosa temática que praticamente colocou o mundo real nas telas, houve muitos pontos altos: entre outros, a feliz ideia de relacionar os eventos com locais conhecidos de Park City, onde o festival acontece desde 1985. Dessa forma, a audiência pôde se sentir, em vários momentos, na cidade nevada e em alguns dos seus principais points, como a Main Street, principal rua da cidade, e o Egyptian Theater, seu mais emblemático cinema.

A edição híbrida também possibilitou o alcance de uma gama muito maior de participantes.
Por tudo isso, a pergunta que passa pela cabeça de todos agora é se o Festival em 2022 vai acontecer apenas em Park City. As exibições online e muitas fora do Estado de Utah, nesta edição, deixaram em aberto inúmeras possibilidades para as próximas. Mas a questão é saber se a energia do festival de montanha pode ser duplicada.

De qualquer forma, será uma decisão que obviamente só poderá ser tomada adiante quando estiverem mais definidos os rumos da pandemia e as condições da área de cinema.

Lista completa dos premiados:

Principais prêmios
Competição americana de dramas: “Coda”, de Siân Heder

Competição americana de documentários: “Summer of Soul”, de Ahmir “Questlove” Thompson

Cinema Mundial: “Hive” (Kosovo, Suiça, Macedônia), de Blerta Basholli

Documentário Mundial: “Flee”, de Jonas Poher Rasmussen

Outros prêmios
Direção de drama americano: “Coda”, de Siân Heder
Direção de documentário americano: “Users”, de Natália Almada
Direção de cinema mundial: “Hive”, de Blerta Bashilli
Direção de documentário mundial: “Sabaya” (Suécia), de Hogir Hirori
Edição de documentário americano (Prêmio Jonathan Oppenheim): “Homeroom”, de Peter Nicks
Prêmio especial do júri para conjunto de elenco: Emilia Jones, Eugenio Derbez, Troy Kotsur, Ferdia Walsh-Peelo, Daniel Durant e Marlee Matlin em “Coda”.
Prêmio especial do júri para melhor ator dramático americano: Clifton Collins, por “Jockey”, de Clint Bentley
Roteiro: “On the Count of Three”, de Jerrod Carmichael – roteiristas: Ari Katcher e Ryan Welch
Prêmio Inovação da mostra Next: “Cryptozoo”, de Dash Shaw, e diretor de animação Jane Samborski
Edição de documentário (Prêmio Jonathan Oppenheim): “Homeroom”, de Peter Nicks
Prêmio NHK: Meryman Joobeur, por “Motherhood”