'Francisco Mignone - A música como luz da existência' é a nova exposição virtual do Theatro Municipal do Rio

A vasta e rica obra de Mignone o fez reconhecido por dois ícones da música do século XX: Richard Strauss e Arturo Toscanini

Por JORNAL DO BRASIL

Francisco Mignone

Há trinta e cinco anos, o Brasil perdia um dos mais geniais compositores do século XX: Francisco Mignone. O precioso legado do artista engloba mais de mil composições entre ópera, bailados, músicas instrumentais e até trilhas para filmes. Foi também professor do Conservatório Dramático de São Paulo e do Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da UFRJ.

Natural de São Paulo, filho de imigrantes italianos, Mignone estudou música desde a infância, graças às lições de seu pai, o flautista Alferio Mignone. Completou os estudos no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde se formou em flauta, piano e composição, seguindo, posteriormente, para estudar Composição em Milão, no Conservatório Giuseppe Verdi.

Na Itália, compôs sua primeira ópera, O Contratador de Diamantes, em 3 atos, com libreto de Girolamo Bottonio, que estreou em 20 de setembro de 1924 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com o elenco da Companhia Lírica Italiana e a coreografia de Maria Olenewa no quadro Congada, parte em que os escravos dançavam no adro da Igreja do Arraial do Tejuco. A execução do bailado ficou por conta das passistas que Donga, a pedido de Tia Ciata, recrutou para o espetáculo.

Anos depois, em 1956, Congada ganhou coreografia de Mercedes Baptista, a primeira bailarina clássica negra do Brasil e da companhia por ela criada, o Ballet Folclórico Mercedes Baptista.

A vasta e rica obra de Mignone o fez reconhecido por dois ícones da música do século XX: Richard Strauss e Arturo Toscanini. Strauss, em sua segunda temporada no Municipal, em 1923, regeu duas composições de Mignone - Dança e Minueto -, à frente da Filarmônica de Viena e Toscanini, em 1940, regendo a NBA (National Broadcasting Company), executou Congada no palco do Theatro Municipal.

As composições de Mignone refletem os ritmos da diversidade brasileira, como em Maracatu de Chico-Rei (bailado considerado a sua obra-prima), O Espantalho, Leilão, Quadros Amazônicos, Hino à Beleza, Iara,Quincas Berro D ´Água e das histórias musicadas do cotidiano do país, como é o caso das óperas O Contratador de Diamantes, O Chalaça e O Sargento de Milícias.

Trabalhador incansável, Mignone compôs mesmo depois de doente, deixando algumas composições inacabadas. Ainda em vida, recebeu vários prêmios, como o Shell, em 1982, pelo conjunto da obra. No palco do Municipal, estreou várias obras, ao longo de quase 60 anos. Ele atuou ativamente como membro da Comissão Artística do Theatro Municipal por dois mandatos, contribuindo para o alto nível dos espetáculos da casa entre 1948 e 1958.

Sobre Fátima Cristina Gonçalves

Mestre em História pela Universidade Federal Fluminense, pós-graduada em Administração Pública e especialista em documentação. É Chefe do Centro de Documentação do Theatro Municipal do Rio de Janeiro desde 2015. Dirigiu o Museu do Ingá e o Museu dos Teatros do Rio de Janeiro. Professora do ensino superior desde 2000.

Serviço:

Exposição Virtual em formato de e-book - Série Compositores no Municipal / Francisco Mignone – A Música como luz da existência / Data: a partir de 26 de fevereiro – sexta-feira no site do Theatro / Patrocínio: Vale e Petrobras / Classificação: Livre / Lei de Incentivo à Cultura / Apoio: Rádio SulAmérica Paradiso 95,7 FM, Rádio Roquete- Pinto 94.1 FM, Rádio MEC 99.3 FM, Livraria da Travessa e Ingresso Rápido / Realização Institucional: Associação dos Amigos do Teatro Municipal, Fundação Teatro Municipal, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e Governo do Estado do Rio de Janeiro / Realização: Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.