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Festival 'Dança em Trânsito' percorre 18 cidades de Norte a Sul

Programação presencial e on-line tem atrações de dez países

Por CADERNO B
cadernob@jb.com.br

Publicado em 30/10/2021 às 12:34

Alterado em 30/10/2021 às 12:34

Christian Moyano Vanzuli nasceu em Montevidéu, Uruguai, é dançarino, coreógrafo e professor. Formou-se na Nation Ballet School Sodre em 2011 e foi premiado em 2012 com uma bolsa PI (Proyecto de Intercambio) na Fundación Julio Bocca (Argentina) para continuar seus estudos. Recentemente, foi bailarino da Cia de Danza Contemporánea Martín Inthamouss Foto: divulgação

Depois de apresentar uma edição 100% on-line – indicada ao Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) na categoria Difusão –, o festival internacional de dança contemporânea Dança em Trânsito retorna às ruas e palcos do país, ao mesmo tempo em que incorpora a programação virtual, em um inédito formato híbrido. De norte a sul do Brasil, 25 cidades de dez estados estão envolvidas com residências, projetos formativos, mentorias e intercâmbios – iniciados virtualmente em março – e, presencialmente, 18 cidades recebem, de 6 de novembro a 19 de dezembro, espetáculos de 27 companhias do Brasil, Alemanha, Canadá, Espanha, França, Israel, México, Portugal, Suíça e Uruguai, projeções de vídeos, além de residências de criação e oficinas gratuitas. O 19º Dança em Trânsito é apresentado pelo Ministério do Turismo e apresentado e patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, Banco do Brasil, Engie e VW Caminhões e Ônibus.

“Adiamos de julho para novembro as atividades presenciais do festival em função do calendário de vacinação nacional. Mas iniciamos de forma remota, em março, uma série de ações online e gratuitas envolvendo artistas nacionais e internacionais, com aulas de dança; formação de professores multiplicadores; mentoria para criação de turmas em centros culturais longe das metrópoles e manutenção para profissionais da dança e artes cênicas”, explica Giselle Tápias, diretora artística e curadora do Dança em Trânsito. “Além disso, fizemos um projeto de extensão em parceria com o Museu de Arte do Rio de Janeiro, com uma intervenção dançada dentro da exposição Imagens que não se conformam, e seguiremos com essa parceria, junto à Escola do Olhar, com aulas para professores da rede pública. O resultado será apresentado no festival”, resume.

No Rio de Janeiro, o Dança em Trânsito acontece entre 8 e 14 de novembro, com espetáculos, performances e projeções de filmes no CCBB RJ, a partir das 17h, com exceção do primeiro e último dia, a partir das 18h30. No domingo, o Museu de Arte do Rio – MAR recebe a apresentação do resultado da Formação Continuada, em parceria com a Escola do Olhar, às 13h. No mesmo dia, haverá a tradicional ocupação dos espaços públicos ao longo da Orla Conde, com um total de nove espetáculos de companhias brasileiras e estrangeiras, com início às 11h, desde o entorno do Museu do Amanhã até o CCBB, onde acontecem as duas últimas apresentações, às 18h30.

A fim de minimizar os riscos para toda a equipe, a curadoria artística levou em consideração o número de integrantes das companhias a serem convidadas, os perfis de espetáculos e performances adaptáveis aos ambientes externos, assim como os deslocamentos de cada companhia. Além disso, alguns artistas e companhias do exterior estão envolvidos de forma remota, seja à frente das aulas de formação online ou através dos trabalhos exibidos em vídeo durante o festival.

Na programação carioca, a Focus Cia de Dança, de Alex Neoral, apresenta o duo Grand Pas, um recorte do novo trabalho, VINTE; Márcia Milhazes Dança Contemporânea traz Paz e Amor, montado via online na pandemia, e ainda exibe o filme o filme Pássaros, ambos no CCBB; Renato Vieira Cia de Dança mostra o espetáculo Mal Ditos, inspirado no Movimento dos Poetas Malditos e na experiência pessoal de Renato durante a Ditadura, em 1964. A paulistana T.F.Style Cia de Dança vem com o premiado (APCA/2019) ELO, focada na dança urbana contemporânea, que estabelece diálogos entre corpo, arquitetura e público em busca de um novo olhar para a cidade. O Grupo Tápias (RJ), cia associada ao festival dirigida por Flávia Tápias, escolheu para o Rio de Janeiro a estreia de sua nova coreografia IMPREVISTO, onde o amor acontece, baseada no poema homônimo de Fernanda Estrella. Duas companhias espanholas – Cia Elías Aguirre (Madrid) e Iron Skulls Co (Barcelona) – chegam das duas principais metrópoles daquele país com, respectivamente, Flowerheads, que mistura realidade e fantasia na precisão de movimentos de bichos e plantas; e Sinestesia, onde a dança contemporânea encontra a acrobacia e o hip hop. Da França, a Compagnie Vivons (Paris) traz ao país NEVER 21, que aborda as questões levantadas pelo movimento Black Lives Matter e homenageia os jovens negros vítimas da violência armada que nunca chegarão aos 21 anos. O uruguaio Christian Moyano percorre diversas cidades a partir do Rio com oficinas e a apresentação de Pauza, em que faz uma reflexão sobre as questões da quarentena.

O festival passa ainda por Mangaratiba (RJ), 6/11; Goiânia (GO), 15 e 16/11; Brasília (DF), 18 a 21/11; São Luis (MA), 25 e 26/11; Belém (PA), 28/11; Parauapebas (PA), 29/11; Canaã dos Carajás (PA), 30/11; Belo Horizonte (MG), 3 e 4/12; Ipatinga (MG), 6/12; Coronel Fabriciano (MG), 7/12; Vitória (ES), 10/12; Vila Velha (ES), 11/12; Entre Rios do Sul (RS), 14/12; Alto Bela Vista (SC), 15/12; Florianópolis (SC), 17/12; Capivari de Baixo (SC), 18/12 e São Paulo (SP), 19/12.

 

DA TELINHA DO CELULAR AO TELÃO DO CINEMA

Uma das principais novidades em 2021 é o Dança em Trânsito Projetado, que marca o hibridismo do novo formato. Mesmo com a volta das apresentações presenciais, o festival incorpora de vez as transmissões nas plataformas digitais, além de incluir projeções em salas de cinema. Dentre as obras que serão exibidas no festival estão Shape On Us, da Vertigo Dance Company, de Israel; Revisor, de Crystal Pite, do Canadá; Trixie, de Nicole Seiler, da Suíça; Encruzilhada, de Ana Vitória, coreógrafa brasileira radicada em Lisboa, e Borboletas, de Sissi Abrão, de Portugal, entre outros.

“A ideia do Dança em Trânsito Projetado é ampliar ainda mais o alcance e as possibilidades do festival. Dentro dessa proposta há cinco recortes, sendo os dois primeiros heranças diretas da nossa edição online de 2020: a transmissão de vídeos com os novos trabalhos de companhias estrangeiras que participam remotamente do festival e a exibição de coproduções da edição 2020, como a videodança Solos_On. As novidades ficam por conta da programação de filmes de dança de até 15min, produzidos no Brasil ou no exterior, inéditos ou não, que foram selecionados pela curadoria do festival a partir das inscrições recebidas após convocatória pública; assim como a transmissão por streaming em plataformas online de boa parte dos espetáculos apresentados presencialmente no festival. Com isso, além do público presente, internautas de qualquer lugar do mundo terão acesso às apresentações praticamente em tempo real. Por fim, veicularemos na internet resumos diários da programação do Dança em Trânsito”, detalha Giselle.

 

ROTAS BRASIS

Depois de uma edição construída exclusivamente de forma remota e apresentada como vídeo-dança em 2020, a tradicional residência de intercâmbio Rotas adota o hibridismo em 2021 com ROTAS BRASIS. Idealizada e facilitada pela coreógrafa Flávia Tápias, a parceria criativa que originalmente reunia intérpretes brasileiros e estrangeiros participantes do festival e era apresentada durante a programação deu lugar este ano a uma residência somente com artistas brasileiros, selecionados através de uma convocatória, e aberta aos diversos estilos de dança de cada região na construção da coreografia. Com ensaios realizados inicialmente de forma remota, o resultado será apresentado no festival com a participação de músicos convidados.

 

FORMAÇÃO E MULTIPLICAÇÃO

Os projetos formativos, que fazem parte do DNA do festival, ganharam um novo viés este ano com o Projeto Valia, que promoveu a partir de março aulas online de mentoria em dança contemporânea voltadas para o aprofundamento profissional de professores de cidades com poucas oportunidades e distantes dos grandes centros. Os professores contemplados das cidades de Entre Rios do Sul (RS), Capivari de Baixo e Alto Bela Vista (SC) e Minaçu (GO) foram contratados para dar aulas com criação nos centros de cultura de suas cidades, entre julho e outubro, com mentoria e acompanhamento da coreógrafa Flávia Tápias. Como resultado do processo criativo nas aulas, os alunos se apresentam durante o Dança em Trânsito, ao lado dos artistas profissionais que realizarão seus espetáculos nessas cidades. “É um projeto de geração de renda, que traz multiplicadores na área da dança. Dou aula para os professores dessas cidades todas as sextas, fazendo uma mentoria para prepará-los para as aulas que eles, por sua vez, dão às suas turmas”, explica a coreógrafa Flávia Tápias, que coordena o projeto.

Outra vertente são as Residências de Criação voltadas para participantes com algum conhecimento de técnica de movimento, oferecidas gratuitamente e ministradas por convidados nacionais e internacionais participantes do festival. São 3 a 7 dias de imersão coletiva, nos quais encontros, trocas e aprendizagens resultam em obras que serão apresentadas dentro da programação do Dança em Trânsito. Mário Cunha (Friburgo, RJ), em Mangaratiba; Mário Nascimento (Manaus, AM), no Rio de Janeiro; Aston Bonaparte (Paris, FR), em Goiânia; Clara Costa (RJ), em Belém do Pará; Rosa Antuña (Belo Horizonte, MG), Ipatinga e Coronel Fabriciano (MG); Dilo Paulo e Lenna Siqueira (Brasília, DF), em Canaã dos Carajás (PA) e Christian Moyano (Montevidéu, URU), em Belo Horizonte (MG), conduzem os trabalhos. As inscrições estão abertas no site www.dancaemtransito.com.br.

O festival oferece ainda 19 oficinas gratuitas, em 10 cidades, ministradas por convidados nacionais e internacionais participantes do festival. São encontros pontuais, de duas a três horas de duração, abertos a todos os interessados. Inscrições e mais informações no site www.dancaemtransito.com.br.

Dança em Trânsito

Criado em 2002, o Dança em Trânsito é um festival internacional de dança contemporânea que tem por objetivo valorizar, promover e democratizar esta expressão artística, seja pelo intenso intercâmbio entre artistas e companhias do Brasil e do exterior, como também pela itinerância, percorrendo desde as grandes cidades até pequenas localidades no interior do Brasil, em teatros ou espaços públicos. Sua atuação abrange ainda residências artísticas, com oficinas de criação, e workshops, abrindo canais para novos talentos da dança, e a formação de plateias, estimulando o interesse pelas artes e pela dança. O festival é parte do projeto Ciudades Que Danzan, que reúne 41 cidades em diversas partes do mundo com o intuito de difundir a dança contemporânea. Desde a sua criação, o Dança em Trânsito já apresentou mais de 90 companhias de 16 países em 18 cidades de nove estados brasileiros, para um público de mais de 48 mil pessoas.

 

Instituto Cultural Vale

O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso e fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. Em 2021, são mais de 150 projetos criados, apoiados ou patrocinados em 24 estados e no Distrito Federal. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados pela Vale via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Visite o site do Instituto Cultural Vale para saber mais sobre sua atuação: institutoculturalvale.org.

 

DANÇA EM TRÂNSITO - 19ª edição

Programação completa e inscrições para oficinas. 

 

ESPETÁCULOS

OS EQUILIBRISTAS
ANYEL ARAM E NAYANE FERNANDES (BR)

PAUZA
CHRISTIAN MOYANO (UY)

NA CONTENÇÃO - UM OUTRO OLHAR
CIA HÍBRIDA (BR)

ELO
CIA T.F. STYLE (BR)

MEU CORPO É FESTA O ANO INTEIRO
COLETIVO DELAS (BR)

RAREWALK | FLOWERHEADS
ELÍAS AGUIRRE (ES)

FILHOS DE MARAMBAIA
GRUPO QUILOMBO ARTE FILHOS DA MARAMBAIA (BR)

R.A.L.E.
JESSÉ BATISTA (BR)

PAZ E AMOR
MÁRCIA MILHAZES CIA DE DANÇA (BR)

ROTAS BRASIS
RESIDÊNCIA DE INTERCÂMBIO

CRIVO | CRU
ATELIÊ DO GESTO (BR)

CARNE QUEBRADA
CIA DE DANÇA DO PANTANAL (BR)

O HOMEM INVISÍVEL
CIA MÁRIO NASCIMENTO (BR)

DANÇA DE 9
CIA URBANA DE DANÇA (BR)

MUXIMA
CORPUS ENTRE MUNDOS (BR)

SILÊNCIO TURBULENTO
ESTHER WEITZMAN CIA DE DANÇA (BR)

CASA DE ABELHA | IMPREVISTO | SOLO
GRUPO TÁPIAS (BR)

WIWBAK
KIKO LOPEZ (ES)

MAR DE DENTRO
OKA CIA DE DANÇA (BR)

SOBREVIVENTE, GUERRILHAS, PRECISAMOS CONVERSAR, ME AMOU E VOLTEI A VIDA
Artistas de Coronel Fabriciano

VERGA
CAMALEÃO GRUPO DE DANÇA (BR)

VERTIGEM
CIA GENTE (BR)

MAL DITOS
CIA RENATO VIEIRA (BR)

NEVER 21
CIE VIVONS (FR)

MEMÓRIA DE BRINQUEDO
CURITIBA CIA DE DANÇA (BR)

GRAND PAS
FOCUS CIA DE DANÇA (BR)

SINESTESIA
IRON SKULLS CO (ES)

RISCO DO ASFALTO
LASO CIA DE DANÇA (BR)

POSTSKRIPTUM
PHYSICAL MOMENTUM (MX)

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