Paulo César dos parceiros
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Dizem os versos seus, musicados por Wilson das Neves: “O samba é meu dom/Aprendi a fazer samba/Com quem sempre fez samba bom”. Pelo visto, aprendeu com as próprias ferramentas, no desempenho incansável do ofício. Paulo César Pinheiro fez o próprio caminho em mais de meio século de caminhada, na mais perfeita vereda já aberta na MPB, em qualidade, quantidade, variedade e grandeza. Paulinho, que faz aniversário neste 28 de abril, é velho no samba, mas jovem na idade: nasceu em 1949.
Paulo César já recebeu todos os grandes prêmios da música brasileira, entre eles o cobiçado Prêmio Shell, passando a fazer parte de uma galeria que ostenta, entre outros, os nomes de Tom Jobim, Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga, Braguinha, Milton Nascimento, Herivelto Martins, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Zé Keti, Élton Medeiros, Carlos Lyra e a dupla de craques João Bosco/Aldir Blanc.
Quem gosta de música brasileira tem cerca de mil razões para gostar imensamente do compositor Paulo César Pinheiro. Em termos numéricos, pelas mais de mil lindas canções que esse criador imbatível tem, sozinho ou com os parceiros mais diversos – prova de sua imensa generosidade. Em termos simbólicos, porque Paulinho é mesmo um sujeito amável, em todos os sentidos. Aquilo que no tempo em que o Dondon jogava no Andaraí nós chamávamos de “coração de ouro”.
Conheço a obra de Paulinho Pinheiro desde que me entendo por gente e ele por gênio. Desde as primeiríssimas. Além da maior obra da MPB, o compositor é poeta em livro, desses bastante premiados. Pelo menos quatro eu tenho: Viola morena, Canto brasileiro, Atabaques, violas e bambus e Clave de sal. Em Atabaques, tem um verso assim: “Poesia quando estala/Deixo pronta a minha mala/Porque eu sou seu menino/E do jeito que ela fala/Sempre tem festa de gala/Pra mudar o meu destino”. Não é pouco.
De Baden para cá, o poeta foi acumulando parceiros na vida e nas canções. Todos o amam e o admiram. Dá para citar, entre os que já foram e os que ficaram, João Nogueira, Mauro Duarte, Eduardo Gudim, Francis Hime, Rafael Rabello, Edu Lobo, Tom Jobim, Dori Caymmi, Maurício Tapajós, Wilson das Neves, Ederaldo Gentil, Edil Pacheco, Pedrinho Amorim, Maurício Carrilho, Moacyr Luz, Aldir Blanc e mais tantos, tantos e tantos.
Intérpretes de suas canções? Além do próprio, que quando cria coragem desembucha a voz rouca e potente como se estivesse na sala de jantar, podemos lembrar de Elza Soares, Cristina Buarque, Clara Nunes, Eles Regina, Beth Carvalho, Alcione, Simone, Quarteto em Cy, Nana Caymmi, Dorina e mais tantas, tantas e tantas.
Um gênio absoluto de nossa MPB. Viva Paulo César Pinheiro, hoje e sempre.