CADERNOB

Diretor de teatro Aderbal Freire-Filho morre no Rio, aos 82 anos

Diretor de teatro conhecido pela ousadia, marido da também artista Marieta Severo, ficou meses internado por causa de um AVC

Por Gabriel Mansur
redacao@jb.com.br

Publicado em 09/08/2023 às 18:34

Aderbal Freire-Filho Foto: Daryan Dornelles / Divulgação

O Brasil perdeu mais um ícone do teatro nacional nesta quarta-feira (9). Trata-se do diretor teatral, ator e apresentador de televisão Aderbal Freire-Filho. Freire-Filho, que era casado com a atriz Marieta Severo desde 2004, morreu aos 82 anos, no Rio de Janeiro. O óbito foi confirmado pela família do artista.

Ele enfrentava problemas de saúde desde 2020, quando sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), e estava internado no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro. Além da viúva, ele também deixa um filho, Camilo Freire.

Nascido em Fortaleza, Aderbal começou a carreira artística já aos 13 anos, atuando em grupos amadores e semi-profissionais de teatro. Formou-se em Direito na capital cearense, mas não chegou a exercer a profissão. Em 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fez sua estreia como ator em “Diário de um louco”, de Nikolai Gogol, encenando a obra dentro de um ônibus que percorria as ruas da cidade.

Sua primeira direção foi "O Cordão Umbilical", de Mario Prata, em 1972. Um ano depois, dirigia um de seus grandes sucessos: o monólogo "Apareceu a Margarida", de Roberto Athayde, estrelada por Marília Pêra.

Em 1973, fundou o Grêmio Dramático Brasileiro, experiência em que montava simultaneamente, com o mesmo elenco num cenário único, peças nacionais, entre elas “Um visitante do alto", "Manual de sobrevivência na selva”, também de Roberto Athayde, “Pequeno dicionário da língua feminina” e “Réveillon”, de Flávio Márcio.

Aderbal também criou o Centro de Demolição e Construção do Espetáculo (1989-2003) e foi membro do Conselho Diretor do Festival Ibero-americano de Teatro, de Cádiz, Espanha. Coordenou a comissão que criou o Curso de Direção Teatral, da Escola de Comunicação, da UFRJ.

Entre as peças que escreveu estão "Lampião, rei diabo do Brasil (1991)", "No verão de 1996 (1996)", "Xambudo (1998)", "Isabel (2000)" e "Depois do filme (2011)".

Ele foi um defensor da integração do teatro brasileiro com os de países da América do Sul e passou os últimos anos encenando peças entre o Brasil e o Uruguai. Em 2018, recebeu, inclusive, o título de visitante ilustre pela Câmara Municipal de Montevidéu. Desde a década de 1980, montava espetáculos na Argentina, Colômbia, entre outros. A peça "Mão na luva”, de Oduvaldo Vianna Filho, foi vencedora, no Uruguai, do Prêmio Florencio de melhor espetáculo estrangeiro em 1985.