CADERNOB
Morre Cristina Buarque, irmã de Chico Buarque, cantora e guardiã do samba de raiz
Por CADERNO B
redacao@jb.com.br
Publicado em 20/04/2025 às 11:45
Alterado em 20/04/2025 às 12:57

Por Carter Anderson - Cristina Buarque, cantora de samba conhecida por sua discrição e profundo compromisso com a memória musical brasileira, morreu neste sábado (20), aos 74 anos. A informação foi divulgada por seu filho, Zeca Ferreira, por meio das redes sociais. A causa da morte não foi revelada. A notícia foi publicada pelo portal UOL.
Filha do sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, autor do clássico Raízes do Brasil, e de Maria Amélia Alvim Buarque de Holanda, Cristina fazia parte de uma das famílias mais influentes da cultura brasileira. Era irmã do cantor e compositor Chico Buarque, da cantora Miúcha e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda. Ainda assim, seguiu trajetória própria, alheia à fama, com forte atuação na valorização do samba tradicional.
Em um emocionante tributo, Zeca Ferreira destacou a integridade da mãe: “Ser humano mais íntegro que eu já conheci. Farol, chefia, braba, a dona da porra toda. Vai em paz, mãe”. Em outro trecho, ele lembrou a personalidade reservada da cantora: “Uma cantora avessa aos holofotes. Como explicar um negócio desses em qualquer tempo? Mas foi isso a vida inteirinha dessa mulher que tivemos, nós cinco, a sorte grande de ter como mãe. Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra”.
Carreira iniciada nos anos 60
Cristina iniciou sua carreira musical na década de 1960 e lançou seu primeiro disco solo, Cristina, em 1974. O álbum trazia o sucesso “Quantas Lágrimas”, que ajudou a consolidar sua identidade artística marcada pela reverência aos sambistas do passado. Ao longo da carreira, ela se destacou pela dedicação à obra de nomes como Dona Ivone Lara, Noel Rosa, Candeia e Wilson Batista.
Embora tivesse grande respeito no meio musical, Cristina preferia os bastidores e rodas de samba intimistas ao estrelato. Era frequentemente chamada de “Chefia” por músicos e amigos, um apelido que refletia seu profundo conhecimento e autoridade sobre o repertório do samba — considerada, inclusive, uma verdadeira “enciclopédia” do gênero.
Vivia em Paquetá, onde organizava rodas de samba
Nos últimos anos, vivia na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, onde organizava rodas de samba e mantinha viva a tradição que sempre cultivou com rigor. Seu modo de vida simples e sua dedicação à música fizeram dela uma referência cultuada por sambistas e estudiosos da cultura popular brasileira.