CINEMA

Crítica: ‘O Esquadrão Suicida’: a diferença que faz um bom (e ousado) diretor

Cotação: quatro estrelas

Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br

Publicado em 05/08/2021 às 11:51

Alterado em 05/08/2021 às 11:55

. divulgação

Antes de terminar de fazer o terceiro título de “Guardiões da Galáxia” para a Marvel, James Gunn aproveitou um tempinho que teve e trabalhou para a rival DC, no conserto de um filme que foi uma das piores coisas lançadas nesta divisão de quadrinhos da Warner Media. E assim surgiu “O Esquadrão Suicida”, que, se não é realmente uma sequência para “Esquadrão Suicida” (sem “O”), nos faz esquecer daquele em quase todos os detalhes. Menos num: na única coisa que se destacou lá, Arlequina (Margot Robbie), que reaparece como ela é - uma psicopata.

O que faz a grande diferença aqui é que Gunn insistiu para que o filme fosse impróprio para menores (nos EUA, classificação R, para maiores de 17; aqui, para maiores de 16 anos), que se, por um lado, pode reduzir um pouco nos números absolutos de bilhetes na estreia, por outro lado entrega o filme que os fãs queriam: divertido, violento e sem ficar fazendo “escada” para entregar para outros do multiverso DC. É um filme que pode ser visto por si só, não interessa se você viu o anterior ou conhece os personagens.

Por isso ele começa sem explicar nada, jogando na tela um grupo de tipos duvidosos numa missão suicida (que lembra os de filmes de ação dos anos 70, como “Os Guerreiros Pilantras” ou “Os 12 condenados”), que compõem o grupo secreto Task Force X. Como Bloodsport (Idris Elba), Peacemaker (John Cena), Ratcatcher 2 (Daniela Melchior) e King Shark (criatura animada, um tubarão com voz de Sylvester Stallone). Do filme anterior, de 2016, fora a Harley Quinn, não volta ninguém importante, a não ser Rick Flag (Joel Kinnaman). De resto, o diretor fez uma faxina geral no trabalho pregresso, do diretor David Ayer.

E Gunn, egresso dos filmes B (da produtora Troma), sabe lidar muito bem com diálogos e situações de cinema trash, com efeitos especiais e cenas dignas de blockbusters. Tudo com muito bom humor e violência explícita (não faltam sangue e tripas neste). O mais bizarro é que ele joga os anti-heróis numa trama que envolve uma ilha dominada por uma ditadura latina (Cuba, digo Corto Maltese), com um cientista louco que mantém um projeto dos tempos dos nazistas, e não se furta em botar a culpa de tudo (experiencias com aliens e golpes de estado) no governo dos Estados Unidos. Até mesmo o monstro do filme tem o formato de uma estrela e é azul e vermelho! Fosse uma produção da Marvel (atualmente, controlada pela Disney), dificilmente ia rolar esse tipo de situação.

Assim, mais uma vez, como fez com os Guardiões, James Gunn apresenta um grupo de personagens obscuros dos gibis, mas os trata como se fossem de primeira linha. A plateia e os fãs de HQs agradecem.

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.

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