CINEMA
Crítica - Gavras volta com ‘Jogo do Poder’
Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br
Publicado em 10/08/2021 às 19:54
Alterado em 10/08/2021 às 19:58
Conhecido por seu cinema político, o cineasta grego Costa-Gavras volta ao seu país para falar da crise da Grécia em 2015, em “Jogo do Poder”, o primeiro filme do diretor sobre sua terra natal desde “Z”, de 1969. O roteiro, assinado por ele também, parte do livro de memórias do ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis, “Adultos na Sala: Minha Batalha Contra o Establishment”, que é um personagem central no longa que estreia aqui 12 de agosto.
Sem nunca se furtar de entrar em temas políticos e espinhosos, numa carreira que inclui longas como “Estado de Sítio” (1972), “Missing: O Desaparecido” (1982), que lhe rendeu a Palma de Ouro e um Oscar de roteiro adaptado, Costa-Gavras é o cineasta ideal para retratar a grande crise econômica e política que assolou a Grécia em meados da década passada.
O filme acompanha reuniões e discussões Eurogrupo que levaram meses e resultaram na imposição de políticas de austeridade pela troika europeia (a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) ao governo de Alexis Tsipras. Protagonista do filme, Yannis (Christos Loulis), um economista sem experiência política, foi nomeado como Ministro das Finanças pelo Syriza, uma coligação da esquerda radical que chegou ao poder em janeiro de 2015. O Ministro vive, então, uma verdadeira saga para salvar a Grécia, propondo uma reestruturação total.
“Jogo do Poder” estreou fora de competição no Festival de Veneza de 2019, no qual Costa-Gavras recebeu o prêmio pelo conjunto de sua obra. O filme é um relato transparente sobre a agenda oculta da Europa, expõe o que realmente acontece em seus corredores de poder. Revelando as razões para a crise na Grécia ter acontecido, foi travada uma das mais espetaculares e controversas batalhas na história política. Mas a verdadeira história do que aconteceu é quase inteiramente desconhecida, principalmente porque grande parte dos verdadeiros negócios da União Europeia ocorre a portas fechadas.
“Adults in the Room” (no título em inglês) é um filme muito ‘falado’, sem cenas de ação ou reviravoltas. Mas com o toque de Gavras em cada cena. E com um final algo alegórico. Adequado para quem se interessa pelo assunto. E pelo diretor.
E, como é dito em dado momento: o povo sempre tem razão, mesmo quando se equivoca.
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