CINEMA

Crítica - ‘Respect’: falta soul à cinebiografia de Aretha Franklin, que é apenas OK

Cotação: duas estrelas

Por TOM LEÃO, eheadz@gmail.com
nacovadoleao.blogspot.com.br

Publicado em 10/09/2021 às 11:58

Alterado em 10/09/2021 às 11:58

Jennifer Hudson foi escolhia para o papel pela própria Aretha Franklin Foto: divulgação

Demorou, mas finalmente saiu a cinebiografia da cantora americana Aretha Franklin, uma das maiores vozes do soul e rhythm & blues que se foi em 2018: ‘Respect: a história de Aretha Franklin’. Ela acompanhou parte do projeto e escolheu a dedo quem iria interpreta-la na tela: Jennifer Hudson, cantora e atriz de gabarito que, em 2006, ganhou Oscar de coadjuvante pelo musical ‘Dreamgirls’ (sobre fictício grupo de cantoras soul), baseado em peça da Broadway. Foi uma boa escolha.

Contudo, embora sua história de vida seja riquíssima, o filme é apenas uma coleção de cenas bem encadeadas, sem maiores arroubos do roteiro. Mostra o começo da carreira – que, similar à de tantas outras de sua estirpe, como Whitney Houston, por exemplo, começou cantando gospels na igreja, ainda menina (seu pai, feito por Forrest Whitaker, era pastor), até a sua fase de sucesso, cujo auge foi entre os anos 1960-70. Mas o filme se desenrola burocraticamente, sem mergulhar muito na persona da enfocada, nos dar algo mais.

E não precisava tanto respeito (com e sem trocadilho) pela diva. Mesmo com quase duas horas e meia, faltou contar muita coisa. É frustrante. Não há nada que faça o filme sair do lugar comum. A diretora Liesl Tommy (vinda da TV) é muito ‘sem alma’. Talvez por isso, o filme não foi sucesso nos cinemas americanos, apesar de Aretha ser um tesouro nacional. Mas se você quer apenas ver uma cinebiografia musical, com uma figura histórica (e boas músicas), é só o que terá. Mais do que isso, só nas cenas de arquivo, nos letreiros finais.

O título original, ‘Respect’, refere-se ao maior sucesso de Franklin. Mas, curiosamente, a música, originalmente, é do mítico astro do soul Otis Redding (jamais citado, para não tirar o brilho da dama), que foi ofuscado pelo sucesso de sua criação na voz de Aretha.

No fim das contas, é melhor procurar pelo documentário ‘Amazing Grace’ (realizado nos anos 70, mas só recentemente liberado pela própria e lançado), que mostra uma Aretha Franklin muito mais viva e vibrante do que vemos neste filme morno.

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.

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