CINEMA

‘No Ritmo do Coração’ foi o grande vencedor do Oscar

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Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 28/03/2022 às 11:09

Alterado em 28/03/2022 às 11:09

Siân Heder, com a estatueta de Melhor Roteiro Adaptado do filme 'No Ritmo do Coração' Michael Baker / A.M.P.A.S.

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou nesse domingo (27) os premiados com o Oscar 2022.

A 94ª edição aconteceu no tradicional Dolby Theatre em Hollywood e teve como anfitriãs as comediantes Regina Hall, Amy Schumer e Wanda Sykes. A apresentação pelo trio restabeleceu um elemento central da noite de gala, que havia sido abolido em 2019: ter apresentadores fixos.

“No Ritmo do Coração”, de Siân Heder, foi o grande vencedor, levando os três prêmios aos quais tinha sido indicado: filme, roteiro adaptado e ator coadjuvante. Além da qualidade do filme, sua possível conquista do Oscar foi crescendo na bolsa de apostas, na medida em que ganhou premiações dos sindicatos de Atores, Roteiristas e Produtores.

O filme – que traz a comovente história de uma jovem que é a única ouvinte numa família de surdos – teve sua estreia mundial no Sundance, onde iniciou sua carreira de sucesso, conquistando o prêmio de drama americano, principal do evento, o de direção e o de audiência.

Após o anúncio do Oscar, Philippe Rousselet, um dos produtores, agradeceu à Academia por deixar que “No Ritmo do Coração” fizesse história. “Nós estamos muito honrados de estar em equipe aqui. Siân foi a melhor diretora que um produtor poderia desejar”, reconheceu, complementado pelo também produtor Patrick Wachsberger: “Agradecemos à Academia por reconhecer um filme tão amoroso e que representa uma família. Agradeço também a todo o elenco e equipe e aos agora vencedores de Oscars Troy Kotsur e Siân Heder”.

 

Macaque in the trees
Troy Kotsur com o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante de 'No Ritmo do Coração' (Foto: Michael Baker / A.M.P.A.S.)

 

Heder, que conquistou o prêmio de Roteiro Adaptado, disse que esse é um filme independente, então foi muito difícil de ser realizado: “Gostaria de agradecer ao Sundance por todo o apoio. Também gostaria de agradecer a toda a comunidade deficiente auditiva por tornar esse filme tão importante”, declarou, muito emocionada.

Troy Kotsur, vencedor do prêmio de Ator Coadjuvante - o primeiro intérprete deficiente auditivo a ganhar o troféu, fez o discurso de agradecimento na linguagem de sinais: “É incrível estar aqui nessa jornada. Agradeço a todos os membros da Academia por reconhecer meu trabalho. É incrível o alcance que “No Ritmo do Coração” teve. Eu gostaria de agradecer a todos os palcos de teatros que dão boas-vindas a deficientes auditivos. Meu pai era o melhor com o uso de linguagem de sinais em nossa família. Pai, eu sempre vou te amar. Dedico esse prêmio à comunidade dos deficientes auditivos, este é o nosso momento”.

A Melhor Atriz Coadjuvante foi Ariana DeBose, por seu desempenho em “Amor, Sublime Amor”, de Steven Spielberg, que também estava indicado na categoria de melhor filme.

O Oscar de Melhor Direção foi conquistado pela neozelandesa Jane Campion, com “Ataque dos Cães” que liderava com 12 indicações.

“Envio todo o amor para os meus companheiros que foram nomeados, vocês foram extraordinários. Eu amo dirigir porque é um trabalho desafiador, o de construir um mundo. Trabalhei muito com atores e agradeço a todos eles, Benedict Cumberbatch, Kodi Smit-McPhee, Kirsten Dunst, Jesse Plemon. Agradeço a toda minha equipe e a meus produtores. Agradeço ainda à minha família, especialmente minha filha. E obrigada à Academia", declarou Campion.

O prêmio de Melhor Atriz foi para Jessica Chastain, por “Os Olhos de Tammy Faye”, de Michael Showalter: “Agradeço muito à Academia pelo prêmio. Eu amo todas as outras nomeadas, que são incríveis, e ser incluída nisso junto com vocês é uma honra imensa. Agradeço ao meu diretor e meus produtores por me ajudarem a interpretar o papel”, disse a atriz.

Will Smith foi o melhor ator em “King Richard: Criando Campeãs”, de Reinaldo Marcus Green: “Richard Williams foi um forte defensor da sua família. Estou maravilhado com o que Deus está me chamando para ser e fazer nesse mundo. Nesse filme, fui chamado para proteger todas as atrizes incríveis que contracenam comigo. Obrigado à Venus e a Serena, espero que estejam vendo isso orgulhosas. Obrigado por essa honra e por esse momento. E obrigado a toda a família William”, disse, desculpando-se com a Academia pelo fato lamentável ocorrido com Chris Rock.

 

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Will Smith agridiu Chris Rock enquanto Rock apresentava a 94ª edição do Oscar em Hollywood, Los Angeles; 27 de março de 2022 (Foto: Foto: Reuters/Brian Snyder )

 

O comediante fez uma piada quando apresentava a entrega de uma estatueta, que envolveu a esposa de Smith. O ator se levantou da cadeira e bateu no rosto de Rock. O incidente foi de fato um ponto altamente negativo da noite, o que não deixou de arranhar um momento importante na carreira de Smith.

Kenneth Branagh venceu o Oscar de Melhor Roteiro Original com “Belfast”, que estava também indicado na categoria de Melhor Filme.

Muito merecidamente, a melhor animação foi “Encanto”, de Jared Bush, Byron Howard, Yvett Merino e Clark Spencer.

“Duna”, ficção científica de Denis Villeneuve, ganhou o maior número de troféus, seis no total (de dez indicações): Efeitos Visuais, Fotografia, Som, Trilha Sonora, Edição e Melhor Design de Produção.

O Melhor Filme Internacional foi “Drive My Car”, de Ryusuke
Hamaguchi (Japão). O longa era também indicado ao prêmio de Diretor para Hamaguchi e de Melhor Filme, categoria em que era um dos favoritos.

Na categoria de Melhor Curta-metragem de Documentário, o vencedor foi “The Queen of Basketball”, de Ben Proudfoot. Um dos cinco indicados para essa categoria era “Onde eu Moro”, dirigido por Jon Shenk e pelo brasileiro Pedro Kos. O filme faz uma reflexão sobre o aumento da população em situação de rua nos Estados Unidos. Quando do anúncio da indicação do filme para concorrer ao Oscar, em fevereiro último, Kos disse, em entrevista ao JORNAL DO BRASIL, esperar que “Onde eu Moro” seja um convite para que as autoridades olhem esse assunto de uma maneira diferente. “Elas são vítimas de um sistema falho e, na maioria das vezes, não têm culpa pela situação em que se encontram”, ressaltou na ocasião.

 

Lutando para manter o título de prêmio mais importante do Cinema

Para encurtar o tempo da cerimônia e deixá-la mais atraente para o público da transmissão ao vivo, nesta edição os prêmios de melhor montagem, trilha sonora original, curta de documentário, curta de animação, curta-metragem, som, maquiagem, penteado e figurino foram anunciados e entregues antes, por meio de pequenos clipes.

Foi uma decisão controversa para tentar reverter a queda de audiência, mas que provocou polêmica e dividiu opiniões.

Por sinal, em anos recentes, a Academia vem promovendo mudanças para tentar minimizar as muitas críticas que recebe, tais como: cerimônias de premiação muito longas, falta de representatividade de pessoas não brancas nas disputas de ator e atriz, ausência de blockbusters que atraem em especial o público jovem, entre outras. E, claro, a pandemia contribuiu mais ainda para piorar um quadro que já vinha se mostrando desanimador.

Mas, apesar de tudo, o Oscar ainda não perdeu o título de ser o troféu mais cobiçado da história do cinema e que, por si só, garante um lugar na memória coletiva da sétima arte.

 


TODOS OS PRÊMIOS DO OSCAR 2022

Melhor filme
“No Ritmo do Coração”

Melhor atriz
Jessica Chastain – ‘Os Olhos de Tammy Faye

Melhor ator
Will Smith – King Richard: Criando Campeãs

Melhor direção
Jane Campion – Ataque dos Cães

Canção Original
No Time to Die – Sem tempo para morrer

Melhor Documentário
Summer of Soul

Melhor Roteiro Adaptado
No Ritmo do Coração para Siân Heder

Melhor Roteiro Original
Belfast para Kenneth Branagh

Melhor Figurino
Cruella para Jenny Beavan

Melhor Filme Internacional
Drive My Car, de Ryusuke Hamaguchi (Japão)

Melhor Ator Coadjuvante
Troy Kotsur – No Ritmo do Coração

Melhor Atriz Coadjuvante
Ariana DeBose – Amor, Sublime Amor

Melhor Animação
Encanto

Efeitos Visuais
Duna

Melhor Fotografia
Duna para Greig Fraser

Maquiagem e Cabelo
Os Olhos de Tammy Faye

Melhor Som
Duna

Melhor Trilha Sonora – Hans Zimmer
Duna

Melhor Edição
Duna para Joe Walker

Melhor Design de Produção
Duna

Melhor ficção de Curta-metragem
The Long Goodbye

Melhor documentário de curta-metragem
The Queen of Basketball

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